O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou a seus aliados que a relação com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), também está abalada. De acordo com interlocutores, essa declaração serve como um alerta para o Planalto, indicando que Gleisi não tem condição de intermediar a crise entre Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara, e o governo.
Fontes próximas explicam que Motta não nutre o mesmo grau de animosidade por Gleisi que o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, tinha pelo ex-SRI, Alexandre Padilha, com quem teve desentendimentos públicos nos primeiros meses do governo Lula 3. Motta indicou que deseja evitar confrontos diretos, mas também não pretende retomar o diálogo com a ministra em breve.
Ele acredita que Gleisi integra a ala do governo que apoia Lindbergh nas críticas ao presidente da Câmara e, dessa forma, alimenta os confrontos com o Centrão. O governo está ciente de que Motta está se distanciando desse grupo político em um momento em que o Centrão busca se organizar para 2026. Recentemente, Motta também encerrou sua relação com o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ).
A ruptura
O rompimento entre Motta e Lindbergh ocorreu após discordâncias em torno do Projeto Antifacção. Lindbergh orientou a bancada a votar contra o projeto porque Motta entregou a relatoria a um deputado da oposição, que alterou o texto, inserindo medidas como a redução dos recursos da Polícia Federal.
Após a votação, Lindbergh declarou sentir uma ‘quebra de confiança’ com Motta, que por sua vez utilizou as redes sociais para criticar o voto contrário do governo. Ele esperava que o PT apoiasse o projeto e sugerisse uma votação separada para a questão da Polícia Federal.
Desde então, Motta avisou que não deseja mais manter contato com Lindbergh. Por sua parte, Lindbergh afirma não se importar em não dialogar com o presidente da Câmara, mas seguir frequentando reuniões e espaços da Casa, mesmo sob a liderança de seu adversário.