Brasília, 07 – Após dois dias com a oposição bloqueando os trabalhos na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta, retomou sua cadeira para iniciar a sessão na noite desta quarta-feira, 6. Houve resistência inicialmente dos bolsonaristas, que não queriam que ele começasse a sessão. No entanto, a reunião foi aberta e concluída com um discurso de Motta, que deixou claro: “O país deve estar em primeiro lugar, não os interesses pessoais”.
Em um discurso de 10 minutos, Motta destacou que o bloqueio feito pela oposição contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi benéfico para a Câmara e não estava de acordo com a história da instituição.
“O que aconteceu nos últimos dois dias com a obstrução física não ajudou esta Casa. A oposição tem o direito de se manifestar e expressar sua vontade”, afirmou Motta, defendendo sempre as prerrogativas dos deputados e o livre exercício do mandato parlamentar.
A oposição usou várias táticas para ocupar as mesas da Câmara e do Senado desde que a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro foi decretada. Deputados usaram esparadrapos para tapar boca e olhos, e a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) chegou a levar a filha de quatro meses para o plenário, sentando na cadeira de Motta com o bebê durante o dia. No Senado, alguns senadores chegaram a se acorrentar às mesas de comando dos trabalhos.
No discurso, Motta afirmou que não vai negociar a Presidência da Câmara nem permitir que obstruções parem o Parlamento. Ele pediu que os parlamentares respeitem a Mesa Diretora.
“Vamos apostar no diálogo mesmo quando poucos acreditam nessa ferramenta”, disse.
“Estamos aqui para garantir o respeito à Mesa, que é inegociável, e para fortalecer a Casa”, afirmou Motta.
O presidente da Câmara disse que pretende apresentar uma agenda 'pró-País' a partir desta quinta-feira, 7. Ele também afirmou que tem dialogado com lideranças e quer que a Casa volte a seguir seu regimento, mantendo serenidade e firmeza no comando.
Sem mencionar diretamente a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que os recentes acontecimentos criaram um clima de agitação.
Aliados do ex-presidente defendem incluir um projeto de anistia para condenados pelo 8 de Janeiro. Sem citar o projeto, Motta afirmou que não terá omissão para debater temas importantes e que o Legislativo deve discutir assuntos atuais.
“Estamos passando por momentos difíceis, e é exatamente nessas horas que não podemos abrir mão da democracia”.
Estadão Conteúdo