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sábado, 23/08/2025

Mortes por gripe disparam em São Paulo

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PATRÍCIA PASQUINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

No estado de São Paulo, as mortes causadas pela gripe aumentaram 115,9% até 21 de agosto de 2025, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Foram 576 óbitos em 2024 contra 1.244 em 2025.

No mesmo período, os casos registrados subiram 87,9%, passando de 4.605 em 2024 para 8.656 neste ano, segundo dados da plataforma de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo.

Em 2025, a maioria das infecções ocorreu entre as pessoas com 60 anos ou mais (4.513); em seguida estão as faixas de 40 a 59 anos (1.301) e de 1 a 4 anos (907).

Na capital paulista, a situação é semelhante, com um aumento nas mortes de 200,9% (de 107 em 2024 para 322 em 2025) e nos casos, que cresceram 105,06%, passando de 1.126 para 2.309. No país, são notificados apenas os casos graves da gripe, exigindo internação. Dos 8.656 pacientes, 32,01% (2.771) precisaram de leitos de UTI.

Para Jéssica Fernandes Ramos, integrante da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e médica do Núcleo de Infectologia do Hospital Sírio-Libanês, o aumento nos números em 2025 se deve ao clima favorável à circulação de vírus respiratórios, a múltiplos vírus circulando simultaneamente e à baixa taxa de vacinação.

“É uma combinação de fatores: o clima, a sazonalidade, e a presença de vários vírus que deixam o organismo mais vulnerável, permitindo que o vírus da gripe se espalhe facilmente”, explica Jéssica.

“Também há a questão da composição da vacina. É necessário que a Organização Mundial da Saúde (OMS) acerte quais vírus serão incluídos na vacina do Butantan. Até agora, predominou o influenza A que está na vacina, mas não está claro se foi o AH3N2, o AH1N1 pandêmico ou outro tipo que não foi contemplado. Isso contribui para a baixa eficácia da vacinação”, completa a infectologista.

Até 21 de agosto, a cobertura vacinal do grupo prioritário em São Paulo (pessoas com mais de 60 anos, crianças de seis meses a menores de seis anos e gestantes) foi de 48,17%. Na capital, a cobertura chegou a 53,48%. A meta é atingir 90%. A vacina está disponível para toda população a partir dos seis meses de idade.

Segundo David Uip, diretor nacional de infectologia da Rede D’Or, além da baixa vacinação, a pandemia de Covid-19 mudou o perfil das doenças, tornando algumas mais precoces, graves e com sintomas diferentes.

“Por exemplo, a dengue tradicional apresentava complicações graves, mas agora estão surgindo meningite, meningoencefalite e pericardite, que antes não eram diagnosticadas. A queda na vacinação aumenta as complicações, especialmente para idosos e pessoas com comorbidades”, alerta David.

O especialista reforça a importância da vacinação contra a gripe e o uso de máscaras em caso de sintomas gripais, além de evitar aglomerações.

“Muitas pessoas ainda estão espirrando e tossindo sem se preocupar, esquecendo da pandemia. Este inverno tem sido mais forte e duradouro, e as pessoas ficam em ambientes fechados gerando maior risco de contágio”, complementa o infectologista.

Como diferenciar gripe e efeitos do tempo seco?

Segundo Jéssica Fernandes Ramos, o principal sintoma que diferencia a gripe é a febre.

“Calafrios, dor de cabeça e dores no corpo são sinais importantes. Para confirmação, há testes rápidos para coronavírus e influenza disponíveis em farmácias, drogarias e unidades de pronto atendimento”, explica Jéssica.

“Sem febre e esses sintomas, pode se tratar de alergia ou outros vírus respiratórios menos agressivos, como rinovírus, parainfluenza e metapneumovírus. A gripe costuma ser mais intensa.”, finaliza a médica.

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