A Defesa Civil da Faixa de Gaza divulgou nesta terça-feira (24) que 46 pessoas que aguardavam auxílio humanitário foram atingidas e dezenas ficaram feridas após tiros israelenses nas proximidades dos centros de distribuição no território palestino.
Desde o início de março, Israel estabeleceu um bloqueio humanitário na região, parcialmente flexibilizado no final de maio, causando uma grave escassez de alimentos, remédios e outros recursos essenciais.
A Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma organização apoiada financeiramente de forma obscura pelos Estados Unidos e Israel, administra quatro pontos de distribuição de alimentos em Gaza, principalmente nas áreas afetadas pelos disparos da última terça-feira.
Milhares vão a esses centros diariamente em busca de alimentos, conforme relatos de jornalistas da AFP, mas as doações frequentemente resultam em cenas desorganizadas e caóticas.
Mahmud Basal, porta-voz da Defesa Civil, informou que “vinte e uma pessoas morreram e 150 feridos foram encaminhados ao hospital após as forças de ocupação israelenses atacarem grupos que aguardavam ajuda” próximos ao Corredor Netzarim, no centro de Gaza.
Um representante do exército israelense afirmou ter identificado um grupo de pessoas próximo às posições de soldados israelenses no Corredor Netzarim e declarou que está avaliando os relatos sobre feridos causados pelos disparos.
Depois, Basal comunicou que outras 25 pessoas morreram por tiros israelenses na região sul da Faixa de Gaza, enquanto civis tentavam acessar um centro humanitário próximo a Rafah.
O exército israelense não respondeu aos pedidos de esclarecimento sobre esses incidentes.
Fotos feitas por um jornalista da AFP mostram pessoas feridas, aparentemente desmaiadas, sendo levadas a hospitais.
Ziad Fahrat, paramédico no hospital Nasser de Gaza, disse que “60% dos feridos levados à unidade da Cruz Vermelha estão em estado crítico, e a maioria provavelmente não sobreviverá”, aconselhando a população a evitar os centros de ajuda.
Devido à limitação imposta à imprensa local e as dificuldades de acesso, não foi possível verificar de forma independente as informações divulgadas pela Defesa Civil.
O conflito em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas contra Israel que resultou na morte de 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo dados oficiais israelenses.
O Ministério da Saúde de Gaza informa que mais de 56.077 palestinos, predominantemente civis, morreram na resposta militar israelense, número considerado confiável pela ONU.
© Agence France-Presse