Após o Ministério da Saúde registrar 363 mortes de indígenas Ianomâmis em 2023, número superior aos 343 óbitos do último ano do governo de Jair Bolsonaro, a gestão Lula anunciou a construção do primeiro hospital indígena em Boa Vista, Roraima. As obras devem começar ainda neste ano, segundo o governo, mas ainda não há previsão de início.
De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o número de óbitos por desnutrição e malária e notificações de doença na região nos últimos anos pode ser ainda maior devido à subnotificação, causada pela ausência do Estado e profissionais de saúde e pela desativação dos polos base — sete unidades foram encontradas desativadas em 2023 pelo governo.
— Entedemos que um ano não foi suficiente para a gente resolver todas as situações instaladas ali, com a presença de quase 30 mil garimpeiros convivendo diretamente no território, aliciando e violentando os indígenas e impedindo que as equipes de saúde chegassem — reconheceu a ministra.
Após fracasso na retirada dos garimpeiros ilegais do território indígena Yanomami, em Roraima, o governo decidiu que a presença das Forças Armadas e Polícia Federal passa a ser definitiva na região a partir de 2024. De acordo com Guajajara, muitos invasores voltaram para a região após o término das operações.
A ministra dos Povos Indígenas admitiu que o modelo emergencial adotado pela gestão em 2023, com operações ocasionais, permitiu a volta dos garimpeiros. Questionado sobre a quantidade de invasores que retornaram ou sequer saíram do território, o governo não soube responder.
O secretário de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, afirmou que o hospital indígena terá um atendimento pensado para a população, com redários e intérpretes. A construção do hospital indígena integra um conjunto de ações da gestão Lula para tentar reverter o cenário de emergência na terra Yanomami.
Também estão no pacote a construção e reforma de 22 unidades básicas de saúde indígenas e a nova Casa de Governo em Boa Vista, que terá a presença de representates locais de 13 ministérios.
— Quando chegamos em campo, identificamos um número de desnutrição e óbitos muito superior ao que os nossos dados apresentavam. Se os polos estão fechados e não há profissionais de saúde, não conseguimos notificar os óbitos. Nós sabemos que ainda há subnotificação, mas agora sabemos onde está — disse a secretária nacional de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel. Segundo a secretária, seis dos sete polos foram reabertos.
Também será papel da casa de governança dialogar com o estado e municípios e apresentar alternativas de renda para a população de Roraima, dependência encarada como desafio pelo governo. Toda a operação deve custar R$ 1,2 bilhões ao governo, valor que será extraído de orçamento excepcional.