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sábado, 16/08/2025

Morre imunologista brasileiro, pioneiro em vacina contra a malária

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Victor Nussenzweig, um dos cientistas mais importantes na luta contra a malária, faleceu aos 97 anos em São Paulo. Ele e sua esposa, Ruth Nussenzweig, foram pioneiros em pesquisas que abriram caminho para o desenvolvimento da primeira vacina contra a doença, aprovada apenas em 2021.

Desde a década de 1960, o casal estudou nos Estados Unidos os parasitas do gênero Plasmodium, que causam a malária ao infectar mosquitos do tipo Anopheles. Essa pesquisa foi fundamental para os avanços seguintes na produção de vacinas contra a malária, que ainda mata centenas de milhares de pessoas anualmente, principalmente na África.

Descoberta importante para a vacina

Nos anos 1980, Victor e Ruth identificaram uma proteína na superfície do parasita, chamada circunsporozoíta, que pode estimular o sistema imunológico para proteger contra a infecção. Em 1967, Ruth conseguiu provar que roedores poderiam ser imunizados contra a malária usando uma técnica especial com parasitas irradiados, um passo crucial para as vacinas modernas.

O casal trabalhou junto por toda a vida. Eles se conheceram na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e se mudaram para os Estados Unidos na década de 1960, onde continuaram suas pesquisas, incluindo colaborações com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Brasil.

Hoje, vacinas como RTS,S e R21 são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para crianças em áreas com alta incidência de malária, especialmente causadas pela espécie Plasmodium falciparum, a mais perigosa.

No Brasil, a malária mais comum é causada pela espécie Vivax, que geralmente provoca sintomas leves. Cientistas brasileiros também estão desenvolvendo a vacina Vivaxin, que está em fase de testes clínicos.

Vida e carreira de um casal dedicado à ciência

Victor Nussenzweig nasceu em São Paulo em 1928 e se formou em medicina na USP, onde conheceu e se apaixonou por Ruth. Eles casaram na biblioteca da faculdade. Após doutorado e pós-doutorados na França e nos EUA, decidiram não voltar ao Brasil devido ao contexto político da época e permaneceram nos Estados Unidos, onde Victor tornou-se professor titular na New York University School of Medicine.

Victor foi conhecido por seu entusiasmo contagiante pela ciência e por ajudar a formar várias gerações de pesquisadores. Além das vacinas contra a malária, ele colaborou na descoberta de mecanismos importantes do sistema imunológico e estudou também a Doença de Chagas.

O casal teve três filhos, que seguiram carreiras acadêmicas e científicas: André, Michel e Sonia.

Fonte: Estadão Conteúdo

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