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terça-feira, 11/11/2025




Morcegos em risco com turbinas eólicas pelo mundo

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Os morcegos vivem em quase todo o planeta, menos na Antártida, mas suas populações estão diminuindo. A perda de lugares para morar, doenças e pesticidas têm afetado eles, mas uma nova ameaça tem crescido: as turbinas eólicas. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, milhões de morcegos morrem todos os anos no mundo por causa das turbinas. Estima-se que cerca de 50 mil morrem no Canadá, mais de 200 mil na Alemanha e mais de 500 mil nos Estados Unidos.

Além de serem importantes para o meio ambiente, os morcegos também ajudam a economia global, explica a professora Winifred Frick, cientista chefe da organização Bat Conservation International. Muitas espécies comem insetos que prejudicam plantações, algumas ajudam a espalhar sementes de frutas, e outras polinizam plantas essenciais para a agricultura.

Por exemplo, os morcegos de nariz longo mexicanos ajudam a polinizar a planta do agave, que é usada para fazer tequila — “se você gosta da sua margarita, agradeça a um morcego”, brinca Frick.

Estudos iniciais sugeriam que as mudanças rápidas de pressão perto das turbinas machucavam os órgãos internos dos morcegos, causando a morte. Porém, pesquisas mais recentes indicam que a maioria morre por bater diretamente nas pás das turbinas.

O problema principal, segundo Frick, não é exatamente a causa da morte, mas o fato de que esses animais estão morrendo em grande número. Mesmo que a energia eólica seja uma fonte importante de energia renovável — responsável por 8% da eletricidade mundial — é necessário usá-la de forma responsável para não diminuir as populações de morcegos.

Pausa nas turbinas

Em muitos países, antes de construir um parque eólico, os responsáveis precisam fazer uma Avaliação de Impacto Ambiental. Áreas como reservas naturais e regiões importantes para a biodiversidade costumam ser evitadas para a instalação das turbinas. Durante o planejamento, pesquisas são feitas para entender o impacto sobre os habitats e as rotas de migração dos animais.

Entretanto, a proteção aos morcegos varia bastante no mundo e muitas vezes é mal aplicada. Cumprir as medidas de proteção de forma voluntária é difícil e quase não acontece em escala global.

Depois que o parque eólico é construído, a principal forma de proteger os morcegos é a “paralisação generalizada” — desligar as turbinas quando o vento está fraco, pois é nessa condição e em certos meses que os morcegos são mais ativos.

Um estudo mostrou que essa estratégia reduziu as mortes de morcegos em mais de 60%, principalmente quando as turbinas são desligadas em ventos abaixo de 5 metros por segundo, durante a noite, de julho a outubro. Porém, isso pode diminuir a produção de energia em mais de 10% em algumas regiões.

Para diminuir a perda de energia, a “paralisação inteligente” é uma solução. Essa técnica desliga as turbinas apenas quando há morcegos próximos, usando sensores que detectam seus sons de ecolocalização, explica Kevin Denman, diretor da empresa EchoSense, dos Estados Unidos.

Quando os sensores detectam morcegos, as turbinas próximas são desligadas temporariamente, dando tempo para que eles passem sem perigo. Esse método recuperou cerca de 50% da energia perdida com a paralisação generalizada, segundo um estudo de 2023, e manteve a redução das mortes de morcegos.

Outras empresas desenvolvem tecnologias similares. A Biodiv-Wind, da França, usa câmeras infravermelhas, enquanto a espanhola DTBird & DTBat usa inteligência artificial para identificar espécies de morcegos pelo som. Isso pode ajudar a desligar as turbinas somente quando espécies ameaçadas estiverem por perto.

O setor eólico apoia essas iniciativas, afirmando que tecnologias que garantam a operação das turbinas com mínimo risco para morcegos são frequentemente exigidas em parques eólicos.

Dispositivos sonoros

Outra estratégia em teste é usar sons ultrassônicos para afastar os morcegos da área das pás das turbinas, onde o perigo é maior. Leon Hailstones, vice-presidente da NRG Systems, empresa que desenvolveu essa tecnologia, explica que os alto-falantes emitem sons que desorientam os morcegos, fazendo com que eles evitem a área.

Essa técnica, combinada com a redução da operação das turbinas, pode diminuir ainda mais as mortes dos morcegos e melhorar a produção de energia. Alguns estudos mostram que esses dispositivos são eficazes para algumas espécies, mas mais pesquisas são necessárias.

Porém, existem evidências de que, para certas espécies, os sons ultrassônicos podem aumentar as mortes, pois atraem os morcegos por curiosidade. Além disso, esses sons não alcançam grandes distâncias, dificultando a proteção completa da área perigosa.

A NRG Systems está testando diferentes posições para os dispositivos para melhorar a cobertura e a eficiência.

Frick destaca que os esforços para proteger os morcegos devem focar nas melhores formas de posicionar e operar as turbinas para evitar riscos. O objetivo é aumentar a produção de energia de forma sustentável e sem prejudicar a biodiversidade.




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