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segunda-feira, 10/11/2025




Moldávia vota dividida entre União Europeia e Rússia neste domingo

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Vídeos que circulam no TikTok afirmam que a Moldávia estaria sob uma suposta ditadura liderada pela presidente pró-União Europeia (UE), Maia Sandu, e pelo Partido Ação e Solidariedade (PAS), de orientação liberal-conservadora. Alegam que seria um “regime fantoche”, alinhado ao bloco europeu, à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e ao milionário americano George Soros, com objetivos de destruir a agricultura local, impor a “ideologia LGBTQ” e fomentar um conflito contra a Rússia.

O ex-presidente da Moldávia, Igor Dodon, conhecido apoiador de Vladimir Putin e líder do Partido dos Socialistas da República da Moldávia (PSRM) e da aliança eleitoral Bloco dos Patriotas, difunde essas teorias conspiratórias diariamente nas redes sociais. O logotipo de sua aliança exibe uma estrela branca e vermelha, com um coração que abriga o símbolo soviético da foice e do martelo.

Dodon se autoafirma como um defensor da direita tradicional, dos “valores clássicos” e costuma encerrar seus vídeos com a saudação cristã ortodoxa “Deus ajude”. Esta combinação de aversão à União Europeia, nostalgia soviética, lealdade ao Kremlin, devoção ortodoxa e populismo direito tem ressonância em parte da população, especialmente entre os aposentados que enfrentam dificuldades econômicas.

Esta inclinação já existe há cerca de um ano. Nas eleições presidenciais de 2024, Sandu foi reeleita por uma pequena margem. Simultaneamente, um referendo aprovou a adesão do país à UE. No entanto, a situação política moldava pode mudar neste domingo (28/9), quando os 2,4 milhões de eleitores escolherão o novo parlamento.

O partido de Sandu garantiu a maioria dos assentos na eleição de 2021. Estas são as primeiras eleições parlamentares desde que a Moldávia recebeu o status de candidata à UE em 2022. A partida decisiva define se o país seguirá rumo à União Europeia ou retornará à esfera russa.

As pesquisas são pouco confiáveis e indicam que quase metade dos eleitores está indecisa. O PAS, partido da presidente que promove direitos civis e combate à corrupção, pode perder a maioria, embora siga sendo o partido dominante.

Duas alianças pró-Rússia devem eleger parlamentares: o Bloco dos Patriotas e o Bloco Eleitoral Alternativo, liderado pelo prefeito de Chisinau, Ion Ceban. O Novo Partido (PN), do empresário Renato Usatii, com fortuna na Rússia, também pode entrar no parlamento. Usatii é uma figura populista e imprevisível que pode influenciar se a Moldávia manterá a estratégia pró-europeia ou voltará ao alinhamento russo.

Sandu declarou que estas são as eleições mais importantes desde a independência em 1991 e alertou sobre o risco de “derrota da democracia”, o que levaria à desestabilização russa e à saída da Moldávia da Europa.

Defensores da Rússia, como Dodon e seu bloco, defendem o fim da integração com a UE e o retorno à Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e à União Econômica Eurasiática.

O embaixador russo no país, Oleg Oserow, recentemente fez ameaças, defendendo a neutralidade moldava e advertindo que o exemplo da Ucrânia demonstra os perigos do abandono dessa posição.

Economicamente, a Moldávia não é vital para o Kremlin, mas a mentalidade imperialista levou à primeira guerra pós-soviética em 1992, na região separatista da Transnístria, onde estão cerca de 1,5 mil soldados russos e um grande arsenal.

Desde 2022, a posição estratégica da Moldávia aumentou, pois pode ser usada como frente contra a Ucrânia. Além disso, a humilhação russa em perder o controle do país para Sandu contribui para os esforços russos de influência nas eleições, usando compra de votos e desinformação nas redes sociais.

Mais de 300 mil eleitores se cadastraram para vender seus votos, segundo o governo, em um “ataque híbrido” do serviço secreto russo, coordenado pelo empresário moldavo-israelense Ilan Sor, condenado por corrupção e atualmente exilado na Rússia. Partidos por ele fundados foram proibidos.

As autoridades realizam operações frequentes contra fraudes eleitorais, com prisões regulares de coordenadores dessas redes.

Além da compra de votos, a Rússia inunda as redes sociais com notícias falsas, especialmente no TikTok, para influenciar a opinião pública moldava, que depende em grande parte dessas plataformas para se informar.

Essas narrativas acusam o “regime de Sandu” de corrupção e de causar pobreza, apesar dos esforços do PAS contra a corrupção e do impacto econômico da guerra na Ucrânia, que elevou preços da energia e interrompeu o fornecimento de gás russo em 2025.

Ignorando os fatos, Dodon segue sua campanha contra o que chama de “praga amarela”, referência à cor do partido de Sandu.




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