Com mais de 50 milhões de usuários, o Koo é hoje o segundo microblog mais acessado do mundo
É possível dizer que o sucesso do Koo vem de crises. A rede social que ganhou fama entre os brasileiros nos últimos dias foi criada na Índia há dois anos em meio a tensões do governo de Narenda Modi com o Twitter, na época acusado de favorecer detratores do governo. Na mais recente volta aos holofotes, outra crise: as decisões atrapalhadas do novo CEO Elon Musk botaram a continuidade do Twitter em cheque e criaram a migração preventiva e fantasiada de meme para o Koo.
Ainda que a debandada precise se provar real ao longo do tempo, a rede social indiana no momento gesta uma nação de novos usuários. Até outubro, pouco mais de mil brasileiros estavam inscritos no site, contudo, com o interesse repentino, já passa de 1 milhão de contas. Ao todo, são 50 milhões de usuários, que segundo a empresa, a colocam em segundo lugar entre os microblogs mais acessados do mundo.
Com os números em crescente, os desafios já bem conhecidos de moderação de conteúdo em redes sociais se colocam à frente da jovem startup justamente pelo seu funcionamento estilo Twitter. O Koo permite a publicação de textos, fotos ou vídeos no feed, e acompanhar assuntos em alta. O selo de verificação também está lá, inclusive no perfil de vários famosos brasileiros que criaram conta no serviço.
No entanto, a promessa é de pouco ou quase nenhum controle sobre o que as pessoas escrevem e compartilham por lá. Também não existem comitês especializados de gestão de políticas de comunidades como no rival azul. Mesmo que não seja equiparável, dado a maturidade do Twitter, no Koo são apenas 300 funcionários alocados em um único país contra os, até então, 7500 funcionários (agora são menos de 1 mil) em 33 países da empresa de Elon Musk. Ainda em desfavor da rede indiana, estão acusações de deixar o discurso de ódio ser propagado sem restrições, especialmente contra muçulmanos.
Ao Washington Post, o CEO do Koo afirmou que acredita em uma moderação automatizada, e que “os usuários odeiam se as empresas de redes sociais não agem como uma plataforma neutra”. Oficialmente, a plataforma proíbe qualquer tipo de discurso de ódio, conteúdos ofensivos e/ou discriminatórios.
Mas para Musk a ideia nos próximos meses é fazer com que o Twitter seja mais parecido com o Koo, ainda que não intencionalmente. A revista Time obteve a informação de fontes internas do Twitter de que as ferramentas de moderação de conteúdo da plataforma estão restritas a poucas pessoas. O propósito é evitar a visão progressista com qual Elon Musk acha que o Twitter se guiava até antes da compra e a qual resultou no banimento de contas como a do ex-presidente Trump e outras personas non gratas da rede.
No caso do Facebook, da Meta, moderação de conteúdo é uma tema já bem resolvido e superado. E razão, é porque pode pesar no bolso da empresa. Em 2020, o Facebook, da Meta, muitas marcas boicotaram a plataforma por um mês devido a preocupações com discurso de ódio e desinformação. Na época, vídeos de terroristas e outras polemicas circulavam na rede ao lado de anúncios de grandes empresas. Depois da pressão, a rede de Zuckerberg ficou longe das polêmicas sobre conteúdos questionáveis.
Mas é possível que o Koo mude o seu destino à polêmicas e consiga aproveitar a explosão de usuários para crescer de forma sólida e sustentável. A empresa já havia recebido um primeiro financiamento de US$ 64,1 milhões vindo de empresas e fundos como Tiger Global, Mirae Asset Management, One4 Capital e Accel, Casper, de acordo com o Business Today. Mais recentemente, em fevereiro, a empresa deixou o caixa cheio após captar uma rodada de US$ 263 milhões.
Desenvolvido por Aprameya Radhakrishna e Mayank Bidawatka, o Koo foi lançado em março de 2020 como um microblog alternativo para compartilhar atualizações e opiniões pessoais. Um dos diferenciais da plataforma é ter suporte para diversos idiomas indianos, além de ser a única rede social do país que compete com outras plataformas globais do mesmo formato.
Atualmente, a plataforma está disponível em 10 idiomas e tem usuários de mais de 100 países, incluindo EUA, Reino Unido, Canadá e o Brasil. É possível baixar o app para o sistema Android ou iOS.