Duas naves espaciais gêmeas estão prontas para partir em uma viagem especial até Marte. Elas vão investigar por que o planeta vermelho, que é seco, começou a perder sua atmosfera há bilhões de anos.
A missão, chamada EscaPADE, vai tentar um caminho ao redor de Marte que nunca foi tentado antes. Se der certo, pode ajudar a criar novas maneiras de fazer pesquisas no espaço com menor custo.
O projeto faz parte de um programa da Nasa que incentiva o uso de pequenas naves para explorar planetas gastando pouco dinheiro. Esta é uma das missões mais ambiciosas do programa.
“Não dizemos que é barato, dizemos que tem alto valor”, brinca Jeff Parker, que trabalha em uma das empresas envolvidas. Ele destaca que, embora o custo seja menor, a missão pode entregar resultados tão bons quanto missões mais caras.
O valor gasto na EscaPADE foi menor que 100 milhões de dólares, enquanto outras missões para Marte custam entre 300 e 600 milhões de dólares.
As naves vão ser lançadas no foguete New Glenn, da empresa Blue Origin, diretamente da Flórida. O lançamento deve acontecer em uma data marcada para isso.
Uma rota diferente para Marte
Normalmente, as naves para Marte esperam até que a posição dos planetas esteja certa para seguir um caminho direto, chamado janela de transferência. Essa janela aparece a cada cerca de dois anos.
Como a EscaPADE atrasou, ela perdeu essa chance e encontrou um jeito diferente: vai lançar e ficar em uma órbita especial até que seja o momento certo para seguir rumo a Marte.
Depois de sair da Terra, as naves vão parar em um local chamado Ponto de Lagrange 2, que fica a 1,5 milhão de quilômetros da Terra. Nesse lugar, elas ficam em uma linha de equilíbrio gravitacional, onde o Sol e a Terra exercem forças que se equilibram. Isso permite que as naves fiquem paradas sem gastar energia para se manter.
Esse ponto também é seguro contra a radiação forte do espaço, oferecendo um ambiente protegido para as naves. Elas vão orbitar esse ponto até que possam seguir para Marte, o que deve acontecer em 2026, chegando ao planeta em 2027.
Riscos e recompensas
Essa abordagem inovadora tem riscos, pois as naves ficam mais tempo no espaço e os equipamentos podem se desgastar. Mesmo assim, o time da missão acredita que vale a pena tentar para reduzir custos.
Outras missões baratas feitas pelo mesmo programa da Nasa tiveram problemas, então o sucesso não é garantido.
Se essa missão for bem-sucedida, pode abrir caminho para que a Nasa faça mais pesquisas planetárias com orçamento menor, o que é muito importante para o futuro da ciência espacial.
“Se conseguimos um sucesso em cada três missões, o valor para a ciência já é muito maior do que o método tradicional”, explica Jeff Parker.

