O sistema já havia sido criticado como uma ‘brecha de backdoor’ para canalizar dinheiro sujo para o Reino Unido
Os ministros estão se preparando para descartar o sistema de “visto dourado” que permite que investidores estrangeiros ricos vivam rapidamente no Reino Unido, em meio a preocupações com ligações com a Rússia.
Dadas as preocupações sobre como o sistema está sendo aproveitado, e em um cenário de relações azedadas com Moscou, devido ao acúmulo militar na fronteira com a Ucrânia, a ministra do Interior, Priti Patel , deve cortar a rota de residência.
Lançado em 2008, o esquema permite que pessoas com pelo menos £ 2 milhões em fundos de investimento e uma conta bancária no Reino Unido solicitem um “visto de investidor de primeiro nível”.
Fontes do governo sugeriram que Patel se livraria do caminho para a residência na próxima semana, em meio a preocupações de que não há verificações suficientes de antecedentes dos candidatos.
O ministro das Forças Armadas, James Heappey, sugeriu que a mudança estava sendo feita em parte por causa do acúmulo de tropas do Kremlin perto da Ucrânia.
Ele disse ao programa Today da BBC Radio 4 na quinta-feira: “Mudanças foram feitas em 2015 e 2019 para garantir que as verificações fossem cada vez mais rigorosas. Mas absolutamente, à medida que entramos no que poderia ser uma geração ou mais de competição bastante acirrada com a Rússia, todas as coisas que se tornaram normais nas relações anglo-russas nos últimos 30 anos estarão em revisão. E isso é, eu acho, o que a ministra do Interior e sua equipe estão olhando no momento”.
Pelo menos 700 desses vistos foram emitidos para milionários russos nos primeiros oito anos do esquema, segundo o Times.
A questão controversa deveria chegar ao auge em várias semanas de qualquer maneira, já que uma emenda apresentada ao projeto de lei de nacionalidade e fronteiras durante sua fase de relatório na Câmara dos Lordes, se aprovada, exigiria a suspensão da rota de vistos.
Chris Bryant, deputado trabalhista e ex-ministro, já havia pedido uma revisão completa do esquema, dizendo que o governo estava “dando vistos dourados a oligarcas russos desonestos”, permitindo que o sistema fosse usado como uma “brecha de fundo” para canalizar dinheiro sujo para o Reino Unido.
Em 2018, um relatório publicado pelo comitê seleto de relações exteriores da Câmara dos Comuns, que na época incluía Patel como membro, acusou os ministros de arriscar a segurança nacional ao “fechar os olhos” para o “dinheiro sujo” russo que flui pela cidade de Londres.
O atual presidente do comitê, Tom Tugendhat, disse que era “uma ótima notícia” que o sistema de vistos dourados seria descartado, twittando que era “muitas vezes usado para contornar cheques apropriados”.
Preocupações com a prática de emissão de vistos dourados foram levantadas durante o inquérito do comitê, que descobriu que, apesar do clamor pelo ataque de Salisbury novichok, Vladimir Putin e seus aliados continuavam a usar Londres como base para seus “ativos corruptos”.
Preocupações foram levantadas anteriormente sobre os laços entre os conservadores e os oligarcas russos. Em novembro, o Partido Trabalhista disse que, de acordo com cálculos baseados em divulgações à Comissão Eleitoral, 1,93 milhão de libras foram entregues ao partido conservador ou a associações eleitorais individuais por russos ou pessoas que ganharam dinheiro com o país no período desde que Boris Johnson assumiu o poder.
