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sexta-feira, 05/09/2025

Ministro tenta acordo com União Brasil para manter cargo e aposta na COP para avanço político

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VICTORIA AZEVEDO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
– O ministro do Turismo, Celso Sabino, tem buscado diálogo com líderes do União Brasil, aliados no Congresso e membros do governo Lula (PT) nos últimos dias, com o objetivo de continuar em seu cargo. Ele defende que essa permanência é importante para fortalecer sua candidatura ao Senado nas eleições de 2026.

A federação União Progressista, que reúne o União Brasil e o Progressistas (PP), anunciou recentemente sua saída do governo, exigindo que políticos eleitos que ocupam cargos executivos deixem suas funções até 30 de setembro, sob risco de expulsão.

Celso Sabino é deputado federal licenciado pelo União Brasil, foi indicado pela bancada da Câmara para liderar o Ministério do Turismo desde julho de 2023, e exerce funções importantes no partido, como presidente do diretório estadual no Pará, sua base eleitoral, além de integrar a executiva nacional.

No início de agosto, os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antonio Rueda, confirmaram a saída da gestão federal, mirando especificamente Sabino e o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), estabelecendo que apenas titulares de mandatos devem deixar o governo, permitindo que outros indicados permaneçam.

No dia seguinte, a executiva nacional do União Brasil confirmou a decisão da federação. Contudo, Sabino não participou da reunião, mas, poucas horas depois, almoçou com o presidente da República, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e outros ministros no Palácio da Alvorada.

Durante o encontro, Sabino reiterou o desejo de seguir à frente do ministério e recebeu o apoio de Lula, que destacou a importância do compromisso e da lealdade de quem continuar no governo. O ministro indicou que buscaria um entendimento com a liderança do União Brasil para viabilizar sua permanência.

Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais, esclareceu que todos os que quiserem sair terão essa liberdade, mas quem permanecer precisa apoiar o presidente Lula, as políticas do governo e atuar para aprovar projetos no Congresso.

Após o almoço, Celso Sabino se reuniu com o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil-BA), líder da Fundação Índigo ligada ao partido e opositor dentro da legenda, além de contatar aliados no Congresso e no governo, mantendo diálogo constante com Antonio Rueda e o líder do partido na Câmara, Pedro Lucas (MA).

Durante o dia, trabalhou em sua sala no Ministério do Turismo com foco especialmente na COP30, conferência de mudanças climáticas da ONU agendada para novembro em Belém, Pará.

Sabino é um dos principais articuladores do governo para esse evento, buscando resolver desafios logísticos enfrentados por delegações internacionais, como hospedagem. Ele acredita que o protagonismo nesta conferência fortalecerá sua campanha ao Senado em sua região.

Relatos indicam que até abril, prazo final para quem quiser concorrer a cargos eletivos em 2026 deixar seus cargos, o ministério terá várias entregas importantes, com oportunidades políticas para seus apoiadores, além da liberação de emendas parlamentares.

O ministro tem argumentado que abandonar a COP30 no meio do caminho não seria adequado, já que o evento trará visibilidade para sua candidatura no Pará.

Uma alternativa discutida é que Sabino se afaste do partido até abril, mas essa possibilidade enfrenta resistência dentro da cúpula do União Brasil.

Também há especulações sobre uma intervenção de Davi Alcolumbre junto ao partido para assegurar que Sabino permaneça, já que Alcolumbre é um dos principais aliados de Lula no Congresso e foi contra a decisão de retirada. No entanto, essa hipótese é considerada pouco provável, pois a liderança do União Brasil é majoritariamente contrária ao governo petista.

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