Israel Katz, ministro da Defesa de Israel, fez duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta terça-feira (26/8), acusando-o de ser um “antissemita declarado e apoiador do Hamas”. Katz repreendeu Lula pela decisão de retirar o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e o associou ao líder iraniano Ali Khamenei.
Em junho, o governo de Lula deixou a IHRA, entidade da qual o Brasil era membro observador desde 2021, em um momento de crescente tensão internacional devido à crise humanitária na Faixa de Gaza, área atingida por ataques de Israel após o ataque terrorista do Hamas que deixou mais de mil mortos.
O ministro israelense afirmou que a retirada do Brasil da aliança posiciona o país “ao lado de regimes, como o Irã, que negam o Holocausto e ameaçam a existência de Israel”.
Tensão nas relações Brasil-Israel
Lula optou por retirar o Brasil da IHRA alegando manipulação por parte da aliança, conforme explicação do assessor especial para assuntos internacionais Celso Amorim. Este ato faz parte de uma série de desentendimentos diplomáticos entre os dois países, especialmente após o início do conflito na Faixa de Gaza, onde as ações de Israel são frequentemente criticadas pelo presidente brasileiro.
O ponto alto da crise foi em fevereiro de 2024, quando Lula equiparou as operações militares israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto sofrido pelos judeus na Segunda Guerra Mundial. Em resposta, Lula foi declarado persona non grata em Israel, retirou o embaixador brasileiro em Tel Aviv e não atendeu ao pedido israelense de troca de seu embaixador em Brasília.
As declarações do ministro israelense vieram acompanhadas de uma imagem gerada por inteligência artificial que mostra o líder iraniano Ali Khamenei controlando Lula como uma marionete.
Acusações e defesas
Israel Katz acusou Lula de desrespeitar a memória do Holocausto e de apoiar o Hamas por meio da saída do Brasil da IHRA, órgão criado para combater o antissemitismo e o ódio contra Israel. O ministro reforçou que mesmo sem apoio de Lula e seus aliados, Israel continuará a se defender contra o que chamou de “eixo do mal do islamismo radical”.
Ele também lamentou a postura do atual presidente brasileiro, afirmando que isso representa uma vergonha para o povo brasileiro e para os apoiadores de Israel no país, mas expressou esperança em dias melhores na relação entre as nações.
Últimos eventos diplomáticos
Desde o início do conflito, as relações diplomáticas entre Brasil e Israel se deterioraram. Em 25 de agosto, Israel rebaixou o nível de sua representação diplomática no Brasil e retirou a indicação de Gali Dagan para ser embaixador em Brasília. Atualmente, o Brasil está sem embaixador israelense desde o dia 12 de agosto, quando Daniel Zonshine se aposentou.
Condenação do ataque a hospital
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil condenou o ataque israelense ao hospital Nasser, localizado em Khan Younis, sul da Faixa de Gaza, que ocorreu na manhã do dia 25 de agosto e resultou na morte de pelo menos 20 pessoas, incluindo trabalhadores humanitários e cinco jornalistas.
Em comunicado, o Itamaraty apelou para que a comunidade internacional e a Organização das Nações Unidas (ONU) promovam uma investigação independente, justa e transparente para identificar os responsáveis pelo ataque e garantir que sejam responsabilizados.