O ministro do Turismo, Celso Sabino, comunicou à liderança do União Brasil sua decisão de seguir o partido no rompimento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O aviso foi dado nesta quarta-feira (3/9), após um almoço com o presidente no Palácio da Alvorada. Contudo, a legenda acredita que o ministro está tentando ganhar tempo para conservar sua posição, enquanto o governo manifestou interesse em mantê-lo, desde que estabeleça total alinhamento político com o Planalto.
Durante a reunião, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reforçou que quem permanecer no governo deve se comprometer com o objetivo de reeleição. Ficou claro que Sabino precisaria se esforçar para angariar apoio dentro do União Brasil que deseja continuar aliado a Lula, mesmo que essa facção seja minoritária. O governo espera empenho na busca por votos em projetos importantes no Congresso.
O União Brasil deu um prazo de 30 dias para que Sabino deixe o cargo, sinalizando que não pretende adotar uma postura radical de oposição e permitindo que ele conduza uma transição na pasta. Entretanto, membros da legenda acreditam que ele usará esse intervalo para conquistar o apoio da bancada de deputados em sua tentativa de permanência, pelo menos até a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).
Calcula-se que cerca de 13 deputados do União tendem a votar com o governo nas pautas importantes para Lula. Outros poderiam ser persuadidos conforme o projeto e as condições políticas oferecidas pelo Executivo. Esse grupo será o foco principal de Sabino nos próximos dias, conforme fontes próximas.
Fontes do Planalto informam que o futuro político do ministro esteve em pauta na reunião. Licenciado deputado pelo Pará, Sabino pretende concorrer ao Senado em 2026, e o apoio e presença de Lula em sua campanha são considerados fundamentais para o êxito nas urnas. Assim, o compromisso do presidente com o projeto do ministro dependerá do quanto ele atender às expectativas do governo.
Sabino ocupa uma posição delicada. Ele assumiu o cargo em julho de 2023, após a insatisfação do União Brasil com a então ministra Daniela do Waguinho (RJ), que não representava adequadamente a bancada. Agora, o deputado que virou ministro direcionado pela relação com a bancada enfrenta falta de apoio institucional para permanecer na função.
Ao mesmo tempo, o ministro tem importante papel na COP30, que ocorrerá em novembro em Belém, capital do Pará. Ele vem desenvolvendo projetos para atrair visitantes ao evento, visando impulsionar o turismo local. Além disso, é o primeiro brasileiro a presidir o Conselho Executivo da ONU Turismo e pretende buscar a reeleição no órgão.
Uma saída prematura poderia atrapalhar o governo em temas importantes. Tentativas de um licenciamento do partido foram rejeitadas pela cúpula do União, apesar dessa medida protegeria de sanções. Sabino também lidera o diretório estadual do partido no Pará.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), participou do almoço, trazendo diversas indicações para cargos federais, incluindo os ministros das Comunicações Frederico Siqueira e da Integração e Desenvolvimento Regional. Esses ministros, que não são filiados ao partido rompido com o governo, permanecerão em seus cargos sem dificuldades.
O União Brasil e o PP, liderados respectivamente pelo advogado Antônio Rueda e pelo senador Ciro Nogueira (PI), deliberaram o afastamento de seus membros do governo Lula em 2/9. Os partidos formarão uma federação a partir de 2026, com foco em fortalecer a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) ao Planalto.
A decisão da Executiva Nacional da federação determina que os filiados renunciem a cargos na administração federal. O descumprimento acarretará afastamento temporário ou punições disciplinares. Rueda afirmou que essa medida demonstra clareza e coerência da legenda.
Essa determinação abrange apenas filiados, permitindo nomeações indiretas, beneficiando o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que manterão seus indicados no governo, valorizado pela relação pessoal com ambos.