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sábado, 28/06/2025




Ministério Público investiga contratações de maquiadores no gabinete de Erika Hilton

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Caio Spechoto
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou a abertura de uma investigação sobre a contratação de dois maquiadores como secretários parlamentares pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP).

O subprocurador-geral Lucas Furtado requereu que sejam tomadas as providências necessárias para verificar a legitimidade dessas contratações e, caso confirmadas, que seja instaurada uma tomada de contas especial para a devolução dos valores pagos a esses assessores, incluindo salários e demais despesas.

Na representação encaminhada ao TCU na quinta-feira (26), Furtado destacou que situações como esta comprometem a confiança nas autoridades e fortalecem práticas ultrapassadas, como o favorecimento pessoal e o nepotismo.

Ele ainda enfatizou que o episódio desmerece a administração pública e apontou que a contratação dos maquiadores pode ter sido motivada por interesses pessoais da deputada, desconectados das funções parlamentares.

O subprocurador alertou que as despesas com esses salários e viagens, caso comprovadas as suspeitas de uso indevido, devem ser consideradas ilegítimas e sujeitas à restituição ao erário, mesmo que formalmente aparentem legalidade.

Deputados têm o direito de escolher pessoas de sua confiança para trabalhar em seus gabinetes, com os salários custeados pela Câmara dos Deputados. Entre os contratados por Erika Hilton estão os maquiadores Ronaldo Hass e Indy Montiel.

O caso foi inicialmente divulgado pelo site Metrópoles. Erika Hilton confirmou que conheceu os dois como maquiadores, mas garantiu que atualmente eles desempenham funções relacionadas ao mandato. Ambos têm postagens em redes sociais onde divulgam trabalhos como maquiadores, usando a deputada como modelo.

Em seu perfil nas redes sociais, Erika Hilton afirmou: ‘Conheci eles como maquiadores, percebi outras habilidades e os convidei para atuar comigo. Quando podem, fazem minha maquiagem e eu os reconheço por isso. Mas se não fizessem, ainda seriam meus secretários parlamentares.’

Após a divulgação das contratações, a parlamentar foi alvo de críticas políticas. Ela afirmou que sofre perseguição, ressaltando que em 2022 foi a primeira mulher transgênero eleita para o Congresso, junto com Duda Salabert (PDT-MG).

Ronaldo Hass foi nomeado secretário parlamentar em novembro de 2024, tendo passado por dois remanejamentos. Atualmente, recebe um salário de R$ 9.700, conforme dados do sistema de transparência da Câmara.

Indy Montiel foi nomeado em dezembro, com um remanejamento recente e remuneração aproximada de R$ 2.100 em maio, segundo o sistema da Câmara.

O último trabalho de maquiagem de Ronaldo Hass divulgado ocorreu em 22 de fevereiro, durante um ensaio da escola de samba Paraíso do Tuiuti, no Rio de Janeiro. Ele se apresenta nas redes sociais como profissional da beleza.

Hass também foi mencionado em foto ao lado da deputada em Paris, compartilhada pelo stylist Bruno Pimentel, quando Erika Hilton assistiu a um show da cantora Beyoncé.

Sobre Indy Montiel, o registro mais recente é de 27 de maio, quando maquiou a deputada para a cerimônia de entrega da Ordem do Rio Branco, a maior honraria do Ministério das Relações Exteriores. Seu perfil o descreve como artista da beleza, entusiasta da moda e assessor parlamentar.

Na representação, Lucas Furtado observou que a contratação e atuação de ambos os maquiadores para beneficiar a deputada configuram um desvio de finalidade.

Ele reforçou que tal situação implica na nulidade dos vínculos funcionais e das despesas relacionadas, configurando dano ao erário e exigindo a intervenção do Tribunal de Contas da União para implementações das medidas cabíveis para reparação do prejuízo.




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