ALÉXIA SOUSA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Ministério Público de São Paulo iniciou uma operação nesta quinta-feira (7) para combater um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que desviou recursos milionários da saúde pública. A investigação indica que o grupo movimentou suspeitamente mais de R$ 1,6 bilhão por meio da gestão fraudulenta de uma Organização Social (OS) com sede em Catanduva (SP).
Até a tarde, eram nove pessoas presas na cidade e uma em Santa Catarina. Foram realizados mandados de busca, apreensão, afastamento de funções e bloqueio de bens em cidades paulistas como Arujá, Carapicuíba, Piracicaba, Viradouro e Bauru.
A operação, chamada Duas Caras, também atuou nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A investigação revelou que membros da OS ligada ao Hospital Psiquiátrico Mahatma Gandhi contratavam empresas de fachada e prestadoras terceirizadas pertencentes ao próprio grupo, emitindo notas fiscais falsas e superfaturadas.
A FVS Administração e Gestão Judicial, responsável pela entidade por decisão judicial, afirmou que assumiu a gestão da associação e da OS Mahatma Gandhi após o afastamento da antiga diretoria, com o objetivo de regularizar a situação e manter os serviços prestados.
A Justiça determinou intervenção na OS por 30 dias para garantir o atendimento contínuo e evitar prejuízos a pacientes e funcionários.
Segundo o Ministério Público, o grupo criou um departamento paralelo para manter contabilidade falsa, lavar dinheiro e viabilizar pagamentos ilegais visando expandir contratos em outros estados. Isso afetou diretamente o atendimento, com registros de mortes e processos trabalhistas nas unidades administradas pela OS.
“Detectamos duas áreas principais: prestadoras de serviço, como empresas que treinavam médicos e enfermeiros, e fornecedoras de produtos, além do excesso na folha de pagamento”, declarou o promotor João Paulo Gabriel de Souza, do Gaeco.
Em Santa Catarina, 9 mandados de busca e apreensão e um de prisão foram cumpridos. O Ministério Público local apreendeu R$ 91 mil em dinheiro, moedas estrangeiras, sete celulares e dois computadores.
Operação paralela da Polícia Federal
No mesmo dia, a Polícia Federal cumpriu mandados contra o ex-prefeito de Bebedouro (SP), Fernando Galvão Moura, acusado de ligação com a OS de Catanduva em um contrato de R$ 13,2 milhões. Empresas de fachada ligadas a dirigentes da organização desviavam verbas da saúde pública local.
A Operação Descalabro realizou 15 buscas e apreensões, além do sequestro de bens e valores. A defesa do ex-prefeito nega envolvimento, alegando que ele foi citado por causa dos desvios durante sua gestão, sem participação direta.
Os investigados podem ser denunciados por peculato, corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações.