Vitória Macedo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Alexandre Padilha, ministro da Saúde, anunciou nesta quinta-feira (26) um acréscimo de 30% no orçamento do Programa Nacional de Triagem Neonatal do SUS (Sistema Único de Saúde), responsável pelo teste do pezinho. O exame, preferencialmente realizado entre o terceiro e quinto dia de vida, é fundamental para identificar doenças que podem afetar a saúde e o desenvolvimento dos recém-nascidos.
Com a verba adicional de R$ 30 milhões, o programa passará a contar com R$ 130 milhões anuais, conforme informou o Ministério da Saúde durante evento realizado no Instituto Jô Clemente, em São Paulo, instituição de referência nacional para esse procedimento.
Presente no Brasil desde os anos 1970, o teste tornou-se obrigatório em 1992, sendo requisito para o registro do bebê. A triagem ampliada é capaz de detectar mais de 50 doenças, porém a maioria dos serviços ainda oferece a versão básica, que identifica apenas seis enfermidades. Para garantir o acesso ao exame completo, uma legislação sancionada em 2021 determina que até 2026 todos os estabelecimentos no país disponibilizem a versão ampliada.
A ampliação do programa ocorrerá em cinco fases, com a inclusão gradual de mais doenças. Atualmente, apenas Minas Gerais e o Distrito Federal alcançaram a etapa final, que abrange sete grupos de enfermidades. Daniela Mendes, superintendente geral do Instituto Jô Clemente, destacou que, após quatro anos, o progresso permanece restrito à primeira fase e ressaltou a necessidade de mudança.
O valor do diagnóstico precoce foi exemplificado pelo relato de Ana Paula Lima, mãe da Melissa, que participou do evento e compartilhou como a triagem neonatal foi decisiva para o diagnóstico da Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1 em sua filha. “Hoje ela dança, corre e frequenta escola como qualquer criança”, afirmou.
Para atingir as metas propostas, o ministro anunciou duas estratégias essenciais: a criação de cinco grandes laboratórios regionais e a contratação dos serviços dos Correios para a logística das amostras, especialmente em cidades menores. Padilha explicou que estados menores enfrentam dificuldades para ampliar a quantidade de exames por conta dos custos e que a demora no envio das amostras pode chegar a dois meses, tempo este que será reduzido com essa medida.
Na reestruturação do programa, os estados da região amazônica receberão R$ 15 milhões adicionais, devido às dificuldades logísticas e desafios para manter profissionais na região, conforme destacou Padilha.
O ministro também acompanhou a realização do teste em um paciente, ressaltando que o procedimento é rápido, indolor e pouco invasivo para o recém-nascido. A cerimônia contou com a presença do secretário municipal de saúde, Luiz Carlos Zamarco.
O evento reforçou ainda a importância da vacinação, marcada pela participação do mascote Zé Gotinha, com o ministro ressaltando a eliminação do sarampo e a importância da imunização contra a gripe.