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sexta-feira, 05/12/2025

Ministério da Justiça gastou pouco do orçamento para plano contra feminicídio, diz relatório

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Geovana Oliveira
São Paulo, SP (FolhaPress)

Entre março de 2024 e junho deste ano, o Ministério da Justiça e Segurança Pública utilizou apenas 0,1% do dinheiro previsto para o plano de combate ao feminicídio, conforme relatório aprovado pela Comissão de Direitos Humanos do Senado.

O plano, que vale até 2027, teve 15% do orçamento previsto gasto no mesmo período, segundo estimativa da consultoria do orçamento da Casa, feita a pedido da relatora Mara Gabrilli (PSD-SP). De janeiro a junho deste ano, a utilização foi de 5%.

O ministério explicou à Folha de S.Paulo que a baixa execução não significa que as ações contra o feminicídio não estejam em andamento. Segundo a pasta, os recursos estão reservados para dois projetos que aparecem no relatório.

Além disso, o ministério informa que investe cerca de R$ 100 milhões por ano desde 2023 no Fundo Nacional de Segurança Pública, que é outra fonte de verba para o mesmo objetivo.

“Os números do relatório mostram apenas o que foi pago, e não todo o dinheiro reservado”, explicou a pasta, afirmando que há um tempo necessário para entregar os serviços e produtos.

O relatório critica a burocracia para liberar os recursos, destacando que disputas políticas dificultam o financiamento, que depende de emendas parlamentares.

Também é apontado que o sistema orçamentário é confuso e que alguns estados recusam ou demoram a apresentar seus planos para usar o dinheiro.

O plano criado em março do ano passado tem 73 ações para cumprir as metas do Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios e conta com orçamento de R$ 2,5 bilhões.

Apesar de algumas iniciativas já terem começado, o relatório indica que ações mais importantes, como a implantação da Casa da Mulher Brasileira e centros de apoio, ainda não receberam investimento.

O estudo usa informações do Ministério Público do Acre para mostrar a desigualdade na proteção das mulheres. No estado, áreas rurais e de floresta têm entre 28% e 32% dos casos reportados, mas o Centro de Referência para Atendimento à Mulher só existe em dois municípios.

O Ministério das Mulheres também relatou dificuldades para repassar recursos para construir esses equipamentos, afirmando que alguns estados recusaram os fundos.

Além dos estados que não aceitam o dinheiro, há baixa participação no pacto. Atualmente, 17 estados são participantes, e alguns, como São Paulo, ainda não enviaram seus planos de trabalho.

Feminicídio no Brasil

O documento contrapõe a dificuldade de executar o plano com dados do Observatório das Mulheres contra a Violência no Senado.

De 2020 a 2024, foram registrados entre 1.355 e 1.459 feminicídios a cada ano, o que equivale a cerca de quatro mulheres assassinadas diariamente apenas por serem mulheres.

Nos últimos dias, crimes brutais de feminicídio ganharam visibilidade nacional, levando a respostas de líderes políticos e da sociedade.

Em São Paulo, que teve um aumento recorde desses crimes no último ano, membros do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) pediram ações para prevenir a violência contra a mulher no dia 4 de julho.

O presidente Lula afirmou em Pernambuco, no dia 2 de julho, que “até a morte é leve para punir quem comete violência contra a mulher” e pediu que os homens se envolvam na luta contra esses crimes.

O relatório ressalta que, apesar dos avanços nas leis e da criação do Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, os índices continuam altos e exigem ações públicas mais eficazes.

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