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quinta-feira, 18/12/2025

Milhares de agricultores manifestam contra acordo entre UE e Mercosul

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Milhares de agricultores europeus se dirigem a Bruxelas, nesta quinta-feira (18/12), com centenas de tratores, para demonstrar contra a política agrícola da União Europeia e, especialmente, o pacto comercial com o Mercosul. Os líderes dos 27 países realizam a última reunião deste ano na capital belga.

Os produtores rurais afirmam que o acordo prejudica os setores agrícolas da Europa, principalmente os ligados à carne bovina, aves, açúcar e soja. A manifestação ocorrerá no Bairro Europeu, oposta à perspectiva de entrada de produtos sul-americanos sem tarifas no mercado comum do bloco.

A preocupação aumentou no momento em que, paralelamente, a Comissão Europeia discute uma reforma dos subsídios da Política Agrícola Comum (PAC): os auxílios financeiros à agricultura podem ser reduzidos no orçamento da UE. “A União Europeia está propondo uma redução de mais de 20% no orçamento para a próxima PAC (para o período 2028-2034), enquanto continua a ratificar o acordo comercial com o Mercosul. Isso é totalmente inaceitável”, protestou a Federação Valona de Agricultura (FWA).

A organização belga estará presente na marcha, ao lado de dezenas de outros sindicatos associados à Copa-Cogeca, o principal lobby agrícola europeu. A FNSEA francesa, outra afiliada, planeja uma grande participação, com “mais de 10 mil agricultores” esperados. Eles querem “exigir decisões claras dos chefes de Estado e da Comissão Europeia para o futuro da agricultura europeia”, explicou o principal sindicato agrícola francês.

Itália tem papel decisivo

A Comissão Europeia e o Brasil – que exerce a presidência rotativa da aliança sul-americana – estão ansiosos para fechar o acordo comercial negociado há mais de 25 anos. O tratado criaria a maior área de livre comércio do planeta.

Na quarta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o acordo deve ser assinado “agora”. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, espera obter o mandato da UE para a cúpula do Mercosul, marcada para sábado na cidade de Foz do Iguaçu.

No entanto, von der Leyen precisa da aprovação prévia de uma maioria qualificada dos Estados-membros do bloco europeu, e vários deles pedem adiamento da ratificação do acordo, como França, Polônia e Hungria. Nesta quarta-feira, a Itália declarou que considera prematuro finalizar a negociação nesta semana, desapontando Espanha e Alemanha, que defendem o texto.

O acordo permitiria que a UE exportasse mais veículos, máquinas, vinhos e bebidas destiladas para a América Latina. Em troca, facilitaria a entrada de carne bovina, açúcar, arroz, mel e soja sul-americanos na Europa.

Descontentamento no campo

Os países sul-americanos são criticados por muitos agricultores europeus por não cumprirem as normas ambientais e sociais exigidas na Europa. “A Comissão está propondo mecanismos de controle, mas não temos muita confiança neles”, afirmou Hugues Falys, do sindicato de agricultores belgas Fugea, durante uma manifestação na quarta-feira no aeroporto de Liège, considerada uma porta de entrada para mercadorias não europeias.

“A insatisfação nas áreas rurais está em níveis sem precedentes”, declarou a Confédération Paysanne, o terceiro maior sindicato agrícola da França.

Na França, a situação piorou com o surto de dermatose nodular contagiosa (DNC), que aumentou o descontentamento. A gestão da epidemia pelas autoridades é alvo de fortes críticas dos agricultores.

Uma semana após o início dos protestos contra o abate em massa do gado, por precaução, o governo pediu responsabilidade aos agricultores. “Não se trata de apontar culpados, mas é necessário que todos assumam suas responsabilidades”, afirmou o primeiro-ministro Sébastien Lecornu.

O Ministério do Interior reportou 80 manifestações no país na quarta-feira, reunindo 3 mil pessoas. Os números têm crescido diariamente.

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