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quarta-feira, 17/09/2025

Milei adota tom moderado para afetados por cortes após várias derrotas

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A 40 dias das eleições, o presidente Javier Milei fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV para apresentar o orçamento público de 2026. O plano mantém o equilíbrio fiscal como regra de ouro, mas promete melhorias em Educação, Saúde e Previdência, além de benefícios para pessoas com deficiência — áreas nas quais Milei tem enfrentado derrotas no Congresso e queda de popularidade. Apesar do apelo, universitários se organizam para uma grande manifestação na próxima quarta-feira (17).

Após o revés eleitoral na província de Buenos Aires, Milei adotou um tom mais moderado em seu discurso de 15 minutos na noite de segunda-feira (15), evitando o uso da palavra “ajuste” pela primeira vez e deixando de lado seu estilo agressivo contra os críticos.

O presidente afirmou que o equilíbrio fiscal é inegociável, mas demonstrou preocupação com setores sensíveis afetados pelos cortes em sua política. Destacou que 85% do orçamento será destinado à Educação, Saúde e aposentadorias, garantindo aumentos superiores à inflação em 2026.

O orçamento prevê 4,8 trilhões de pesos para universidades nacionais, um aumento de 5% nos gastos com aposentadorias e 17% em Saúde, ambas acima da inflação projetada. A Educação terá reajuste de 8%, e os benefícios para pensionistas com deficiência subirão 5% acima da inflação do próximo ano, estimada em 10,1% anual.

Protestos e oposição

Esses setores foram alvo dos cortes rigorosos que transformaram o déficit fiscal em superávit, reduzindo 5% do PIB desde o início do governo. Milei reconheceu que, por vezes, exagerou na busca pelo equilíbrio fiscal, ressaltando que o orçamento de 2026 tem o menor gasto público relativo ao PIB dos últimos 30 anos.

O tom mais conciliador ocorre após derrotas legislativas e antes da análise na Câmara dos Deputados sobre vetos presidenciais a leis importantes de financiamento universitário e apoio aos hospitais pediátricos, além de repasses para as províncias.

Enquanto parlamentares da oposição buscam derrubar os vetos, universitários, com o apoio de sindicatos, prometem cercar o Congresso em uma mobilização significativa. Milei mostrou confiança de que, com o trabalho conjunto de governadores, deputados e senadores que buscam mudanças, os objetivos serão alcançados.

Contexto social e incertezas orçamentárias

A postura mais receptiva e a preocupação social repentina estão ligadas às eleições legislativas de 26 de outubro, que definirão o rumo do plano econômico e da governabilidade do país. O que parecia uma vitória garantida, enfraqueceu após a derrota expressiva na província de Buenos Aires, que concentra quase 40% do eleitorado.

Milei pediu aos argentinos que valorizem o processo de mudança iniciado, alertando que abandonar a transformação fará com que todo esforço tenha sido em vão.

Apesar disso, reitores das universidades públicas classificaram o anúncio orçamentário como insuficiente, afirmando que ele mantém o mesmo nível de recursos do ano anterior, período em que o sistema já enfrentava sérias dificuldades financeiras.

O Conselho Interuniversitário Nacional explicou que os 4,8 trilhões de pesos equivalem a uma mera continuidade dos fundos destinados até dezembro de 2025, muito abaixo dos 7,3 trilhões necessários para o funcionamento adequado das universidades públicas.

Além disso, previsões presentes no orçamento divergem das projeções da realidade econômica atual, como o valor do câmbio oficial e a inflação acumulada, que indicam desafios adicionais para a economia argentina em 2026.

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