Cerca de 200 migrantes que estavam acampados há uma semana no pátio diante da Prefeitura de Paris começaram a ser removidos nesta segunda-feira (12/8). Eles estão sendo encaminhados para outras cidades da França.
O acampamento foi organizado para chamar a atenção sobre a escassez de vagas em abrigos de emergência na capital francesa. No entanto, alguns moradores preferem permanecer em Paris porque têm empregos e seus filhos estudam na cidade.
Entre os desabrigados estavam principalmente mulheres com crianças pequenas, mas também havia pais de família. As autoridades acordaram essas pessoas logo pela manhã e as orientaram a deixar o local com seus pertences.
Ao menos três ônibus estavam disponíveis perto da Prefeitura para transportar quem desejasse para outros destinos, como Marselha, no sul, Bourges, no centro, e Besançon, no leste, onde seriam acolhidos em centros temporários de recepção.
O desmantelamento do acampamento foi pacífico, mas contou com forte presença policial. Cerca de 30 profissionais do serviço municipal para sem-teto, assim como membros da associação France Terre d’Asile e da ONG Utopia 56, deram suporte às famílias.
Muitas famílias que moram em Paris há meses optaram por não entrar nos ônibus e permanecer na capital. Este foi o caso do Nico, um congolês de 33 anos e pai de quatro filhos. Apesar de ter situação legal, emprego e documentos em ordem, ele enfrenta dificuldades para encontrar moradia. Nico expressou sua preocupação: ‘Daqui a pouco começa a escola, trabalhamos aqui e temos que deixar tudo para ir a um lugar desconhecido? A prioridade é manter o emprego.’
A onda de calor intenso que atinge a França agravou as condições precárias do acampamento. Organizações humanitárias manifestaram preocupação com a saúde dos migrantes expostos ao sol por longos períodos. Muitos sofreram de insolação, segundo a associação Utopia 56.
Na terça-feira (12/8), a temperatura em Paris deve chegar a 35 °C, aumentando os riscos para as famílias que dormem no chão, sobre lonas improvisadas.
Além disso, a tensão no acampamento cresceu. Na madrugada de segunda-feira, dois jovens cometeram um ato de desrespeito contra uma migrante em situação de rua e seus filhos, urinando sobre eles. A situação foi registrada em boletim de ocorrência, com denúncia encaminhada ao Ministério Público.