De acordo com um levantamento recente, quase 60% dos produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos serão taxados em 50% a partir da próxima semana, pois ficaram de fora da lista de exceções do governo americano.
Esta estimativa foi feita com base nos dados de comércio bilaterais de 2024 entre os dois países, fornecidos pela plataforma Dataweb da Comissão de Comércio Internacional dos EUA.
Em 2023, 43% das compras americanas de produtos brasileiros foram isentas dessas tarifas, totalizando US$ 18,4 bilhões, enquanto os produtos sujeitos às tarifas representaram 57% do total.
Quando analisamos o número de itens, apenas 10% dos produtos exportados pelo Brasil aos EUA em 2024 estão na lista de isenção.
Dos quinze principais itens importados pelos EUA do Brasil, dez estão isentos das tarifas.
A análise considerou cada produto individualmente, conforme a classificação oficial HTSUS dos Estados Unidos, sem agrupar categorias como tipos de combustíveis ou sucos de frutas, avaliando o peso econômico de cada item.
Segundo a BMJ Consultoria, que atua no comércio exterior, cerca de 40% das exportações brasileiras para os EUA estão na lista de exceções das tarifas. A Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) apresenta números semelhantes, estimando que 43,4% das exportações brasileiras estão isentas.
Amcham Brasil ressalta que a sobretaxa afeta setores estratégicos da economia brasileira, já que produtos fora da lista sofrerão aumento significativo nas tarifas, prejudicando a competitividade das empresas brasileiras e impactando cadeias globais de valor.
No dia 30, Donald Trump assinou um decreto impondo uma tarifa adicional de 40% sobre os produtos brasileiros, elevando a alíquota total para 50%, que começará a valer em uma semana. Alguns alimentos, minérios e produtos de energia e aviação civil estão na lista de exceções.
As tarifas já afetam produtos importantes como o aço, que possui uma sobretaxa setorial de 50%. No ano passado, o Brasil exportou US$ 3,5 bilhões em produtos semiacabados de ferro e aço para os EUA.
Welber Barral, sócio-fundador da BMJ, comentou que apesar de setores importantes terem sido excluídos, pequenas empresas brasileiras de produtos como mangas, outras frutas e sal foram prejudicadas.
As tarifas de Trump foram anunciadas no dia 9 de julho e são as mais altas aplicadas a países que exportam para os EUA.
O governo americano justifica a medida alegando que as políticas recentes do Brasil representam uma ameaça incomum à segurança nacional, política externa e economia dos EUA, mencionando o presidente Jair Bolsonaro e uma suposta perseguição do ministro Alexandre de Moraes do STF.
Nesta quarta-feira, o governo dos EUA também anunciou sanções financeiras contra Alexandre de Moraes, movimento que, para o governo Lula, reforça o caráter político da sobretaxa de 50%.