Em resposta a um questionamento do Supremo Tribunal Federal (STF), a Meta Platforms, empresa dona do Instagram, WhatsApp e Facebook, confirmou que o e-mail do ex-auxiliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, foi conectado, em 19 de janeiro deste ano, à conta da esposa dele – perfil @gabrielar702 – no Instagram. Foi por meio dessa conta que o tenente-coronel Mauro Cid trocou mensagens com o advogado Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz, conforme informado pelo próprio defensor à Corte.
A solicitação do STF foi direcionada à Meta no contexto da ação 2.668, que investiga uma suposta tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder mesmo após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Mauro Cid é delator do processo após colaborar com a Justiça e é um dos oito réus do grupo principal da ação, que foi dividido em subgrupos. É nesse conjunto que está o ex-presidente da República.
O advogado do senhor Marcelo Câmara declarou no processo que buscava, ao contactar Mauro Cid, entender o conteúdo da delação premiada. “Não posso perder a chance de descobrir qual é a versão oficial da delação”, afirmou.
O contato do advogado Kuntz com Mauro Cid, via perfil @gabrielar702, começou em 29 de janeiro de 2024, segundo decisão do ministro Alexandre de Moraes. Kuntz é representante legal do ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, que teve prisão decretada pelo STF na quarta-feira (18/6) devido à troca de mensagens entre advogado e delator.
Marcelo Câmara esteve detido anteriormente e foi liberado pelo ministro Moraes com a condição de não se comunicar com outros réus, incluindo por intermédio de terceiros. Como o advogado manteve contato com Mauro Cid, a corte entendeu que houve obstrução à Justiça e determinou o início de inquérito para investigar o caso.
Além disso, o STF também solicitou informações ao Google sobre as contas de e-mail do tenente-coronel Mauro Cid. As respostas de ambas as empresas, Meta e Google, foram entregues na última quarta-feira e permanecem sob sigilo judicial. O Google forneceu registros de acessos à conta de e-mail do militar, confirmando sua criação em 2005.
Na sequência, o ministro Moraes ordenou que a Polícia Federal ouça Mauro Cid, Kuntz e Marcelo Câmara no prazo de 15 dias para apurar detalhes relacionados ao contato entre eles.