ANA POMPEU
FOLHAPRESS
A escolha de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Lula demonstra uma nova direção na formação da corte, priorizando um perfil político mais forte.
Antes do anúncio oficial feito na quinta-feira (20), já se esperava essa orientação nas indicações feitas por Lula neste mandato, que tem escolhido ministros com base na confiança pessoal e alinhamento político, e não necessariamente com experiência jurídica tradicional.
Com a aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso em outubro, os candidatos com carreira jurídica consolidada, como juízes e desembargadores renomados, não foram os preferidos. Nos casos anteriores, ministros indicados por Lula incluíram seu ex-advogado Cristiano Zanin e o ex-juiz e político Flávio Dino.
Fontes próximas ao STF apontam que a corte deixou de ser dominada por juristas e está se tornando um espaço com decisões mais políticas, levando em conta o impacto público e político dos casos.
Essa mudança também reflete as lições aprendidas com decisões importantes, como os julgamentos do mensalão e da Lava Jato, e o envolvimento do Supremo em questões políticas recentes.
Messias, chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), foi o nome favorito pelo governo por sua capacidade de agregar apoio junto a diferentes grupos, incluindo evangélicos, e pela confiança que conquistou no governo atual.
Embora não filiado ao PT, Messias tem experiência política e jurídica, tendo atuado como consultor jurídico em governos anteriores, o que o torna uma figura híbrida entre direito e política.
Rodrigo Pacheco, outra possibilidade para a vaga, tem mais ligação direta com a política, mas perdeu espaço na escolha final.
Em seus três mandatos, Lula indicou 11 ministros para o STF, com decisões mais autônomas nesta fase, sem depender tanto de outros conselheiros.
Especialistas destacam que essa mudança pode fortalecer o Supremo como um importante ator político, mais focado em mediação institucional e articulação política do que apenas na interpretação técnica do direito.
Essa nova composição indica um papel ampliado do STF na democracia brasileira, com foco em decisões que consideram o contexto político e social do país.
