CÉZAR FEITOZA E ANA POMPEU
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acreditam que o chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, está à frente na corrida para ser indicado pelo presidente Lula para a vaga deixada pela aposentadoria de Luís Roberto Barroso.
Isso ocorre por causa da proximidade de Messias com o presidente. Nas escolhas anteriores feitas por Lula neste mandato, para o Supremo, ele priorizou pessoas com quem tem maior confiança — o advogado Cristiano Zanin e o ministro da Justiça Flávio Dino.
Há dúvidas sobre quais critérios o presidente usará para escolher o próximo ministro do STF.
Se optar por alguém em quem confia, Messias é o favorito, pois já indicou que ele será o próximo depois da posse de Dino.
Se o presidente decidir seguir pressões políticas, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) pode ser o principal nome. Ele tem muito apoio no Senado e conta com o apoio dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
O plano político de Lula para Pacheco seria o senador concorrer ao governo de Minas Gerais em 2026, mas Pacheco tem interesse em ser ministro do Supremo.
Pacheco tem boas relações com muitos ministros do STF, frequentou suas casas e protegeu-os de processos no Senado, mantendo bom relacionamento com a corte mesmo depois de deixar a presidência do Senado.
Em um jantar feito por Barroso para encerrar sua presidência do STF, em setembro, Pacheco foi o único senador presente além dos presidentes da Câmara e do Senado.
Pacheco também liderou a atualização do Código Civil no Senado, mostrando proximidade com o Judiciário.
Outro nome citado é o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, que tem boa relação com o Senado e o STF e já disputou a preferência de Lula, mas não é considerado favorito.
Há pressão para que o presidente escolha uma mulher para a vaga, pois desde a aposentadoria de Rosa Weber, a única mulher no STF é Cármen Lúcia. Contudo, as chances são pequenas, já que Lula tem indicado mulheres para outros tribunais recentemente.
A reportagem ouviu cinco ministros do STF e do STJ sobre a escolha da vaga de Barroso. Embora alguns prefiram Pacheco, Messias é visto como o nome mais provável.
Espera-se que Lula anuncie o novo ministro em breve para evitar pressões. A escolha deve ser feita após a volta do presidente da Itália e após conversa com Barroso.
Messias não tem muita experiência acadêmica nem destaque no meio jurídico, mas tem bom relacionamento no Judiciário, confiança de Lula e apoio do PT e advogados próximos ao partido.
Ele concluiu doutorado em direito na Universidade de Brasília (UnB) em 2024, pesquisando a AGU e estratégias de desenvolvimento do Brasil em um contexto global de riscos.
No mestrado, também pela UnB, estudou compras governamentais como forma de estimular inovação.
Tanto Messias quanto Pacheco têm evitado se manifestar publicamente sobre a aposentadoria de Barroso, mantendo discrição e fazendo felicitações de forma reservada.