Mesmo com decisão judicial em mãos, Cláudia (nome fictício), 38 anos, não consegue a internação compulsória do filho de 14. Há um ano, a mulher luta para tirar o menino das ruas e do uso das drogas. Conseguiu toda a documentação que comprova a necessidade do tratamento para o garoto. Em abril deste ano, a Justiça determinou ao Governo do Distrito Federal que o adolescente fosse internado. A decisão, no entanto, não foi cumprida. Usuário de crack, o filho de Cláudia não aparece em casa há mais de um mês. A mãe diz não saber se ele está vivo, se está apreendido. Para ela, a única alternativa seria o tratamento forçado.
Mãe de quatro filhos, Cláudia lembra que Pedro (nome fictício) começou a passar dias e noites na rua há quatro anos, quando um dos irmãos, na época com 5 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça, em Santa Maria. “Ele foi o primeiro a chegar ao local e ver o irmão morto. Desde então, esse meu filho não quis mais estudar. Ficava na rua até de madrugada e começou a usar o crack, até que começou a não voltar para casa”, conta. “Não tenho mais força para ficar correndo atrás dele. Vou fazer 39 anos e sou uma mulher doente. Estou fazendo tratamento e afastada do trabalho com depressão há cinco meses”, acrescenta a dona de casa.
A última notícia que Cláudia teve sobre Pedro foi de que, há um mês, ele estaria perambulando pela Asa Sul. “Mas conversei com uns amigos dele, e ele não está mais lá. Não sei se meu filho está ou apreendido, ou vivo ou morto”, lamenta a mulher. “Ele só vai melhorar se receber tratamento. Como não tenho condições, a Justiça determinou que o GDF garanta o tratamento, mas até agora não tive resposta. Penso que, para o governo, é mais fácil pagar um caixão do que uma clínica de reabilitação”, desabafa Cláudia.