FÁBIO PESCARINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
No último ano, as condições das estradas brasileiras tiveram uma melhora significativa em comparação a 2023. Essa informação vem da pesquisa CNT Rodovias, feita pela Confederação Nacional dos Transportes e divulgada nesta quarta-feira (17).
O estudo, já em sua 30ª edição, avaliou um total de 114.197 km de estradas pavimentadas por todo o país.
A análise mostrou que aumentou a quantidade de trechos avaliados como ótimos ou bons, enquanto diminuiu a presença de trechos em condições ruins ou péssimas.
Do total avaliado, 38% (43.301 km) estavam em ótimo ou bom estado, um aumento em relação a 2024, quando eram 33% (36.814 km).
Por outro lado, os trechos considerados ruins ou péssimos diminuíram de 26,6% (29.776 km) para 19,1% (21.804 km). A categoria regular teve uma leve melhora, passando de 40,4% (45.263 km) para 43% (49.092 km).
Entre as dez estradas mais bem avaliadas, sete estão no estado de São Paulo.
Uma exceção é a rodovia SP-320, conhecida como Euclides da Cunha, que tem 185 km entre Rubinéia e Mirassol, no interior paulista, e não está sob concessão privada.
O trecho da rodovia Raposo Tavares entre Presidente Epitácio e Ourinhos, também em São Paulo, ficou em primeiro lugar no ranking, repetindo a posição do ano anterior.
Doze rodovias foram classificadas como péssimas, todas sob gestão pública, com seis no Nordeste, três no Norte, duas no Sul e apenas uma no Sudeste.
Vander Costa, presidente do sistema de transporte da CNT, afirmou que as concessões feitas em 2025 foram fundamentais para a melhora na qualidade das estradas.
Segundo ele, esses acordos trouxeram investimentos que melhoram a manutenção e modernização, aumentando a segurança e o conforto dos usuários.
O estudo destaca que as concessões rodoviárias são uma estratégia importante para atrair investimentos e diminuir a dependência de recursos públicos diante dos desafios na infraestrutura.
Nas estradas sob gestão pública, 64,4% apresentaram problemas no pavimento, o que pode aumentar os custos operacionais em até 35,8%.
Já nas que estão concedidas, 34,4% mostraram irregularidades, causando um aumento médio de custos de até 18,4% em relação ao pavimento considerado ótimo.
A rodovia Euclides da Cunha, embora não faça parte do programa de concessão do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), ficou em quinto lugar no ranking da CNT.
Isso se deve a investimentos superiores a R$ 260 milhões nos últimos anos, que melhoraram a trafegabilidade, a segurança e o conforto.
Esses investimentos incluíram recuperação do pavimento, restauração de partes críticas e reforço na sinalização horizontal e vertical, segundo o DER (Departamento de Estradas de Rodagem), ligado ao governo estadual.
O relatório da CNT também destaca que ainda há uma parcela considerável de estradas não pavimentadas na malha rodoviária brasileira.
Essas vias enfrentam desafios que comprometem sua capacidade de atender à crescente demanda por transporte de cargas e passageiros, mesmo sendo vital para a economia e a sociedade.
Entre os problemas observados estão: pavimentação insuficiente, más condições da rede, paralisação de obras e sinalização precária.
Essas falhas causam prejuízos operacionais, impactos ambientais e afetam a segurança nas estradas.
As condições ruins das vias contribuem para o alto número de acidentes e agravam seus efeitos. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, em 2024, houve mais de 73 mil acidentes nas rodovias federais, o que representa cerca de oito acidentes por hora no país.
Destes, 6,7% foram causados por problemas relacionados à infraestrutura e condições das estradas, segundo o relatório.
O documento afirma ainda que diversos acidentes poderiam ter sido evitados se as rodovias contassem com elementos como sonorizadores e dispositivos que atenuam impactos.

