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domingo, 24/11/2024
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Meio de pagamento russo é solução para o Brasil comprar diesel do Kremlin, opina especialista

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Em fala a apoiadores na última segunda-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o Brasil está prestes a comprar diesel mais barato da Rússia, em uma operação que tenta reduzir o valor do combustível nas bombas dos postos de gasolina.

© Foto / Alan Santos / Palácio do Planalto / CCBY 2.0

 

Bolsonaro também afirmou que as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos à Rússia devido à sua operação militar especial na Ucrânia “não deram certo”.

“Na minha ida à Rússia, acertei com fertilizantes para agronegócio, e agora também está quase certo um acordo para comprarmos diesel bem mais barato da Rússia, onde a Petrobras e alguns já compravam mais caro”, afirmou o chefe do Executivo. “Está acertado, e em 60 dias já pode começar a chegar [diesel] aqui. Já existe essa possibilidade. A Rússia continua fazendo negócio com o mundo todo, e parece que as sanções econômicas não deram certo”, declarou.

Logo após a fala, no entanto, alguns segmentos do mercado de energia que atuam no Brasil demonstraram certo incômodo com um eventual acordo e apontaram supostos entraves para a transação. Isso porque a Rússia está bloqueada do principal meio de pagamento do Ocidente: o sistema suíço SWIFT (sigla em inglês para Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais).
Ao jornal Valor Econômico, o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, declarou que a compra seria “inviável” por esse motivo e que demandaria um acordo diplomático com os Estados Unidos, uma vez que, segundo ele, “bancos têm operações que envolvem a economia americana”.
Pedro Rodrigues, sócio da consultoria Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), disse em quadro conjunto com o site Poder360 que “um dos grandes empecilhos é o isolamento do sistema bancário russo”.
O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, conversam em cúpula do BRICS, em 14 de novembro de 2019 - Sputnik Brasil, 1920, 15.07.2022
O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, conversam em cúpula do BRICS, em 14 de novembro de 2019
Contudo a SWIFT não é uma solução única e universal para esse tipo de transação. Para Bruno Beaklini, cientista político e professor de relações internacionais, o próprio sistema de pagamentos desenvolvido pela Rússia em 2014, chamado Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras (SPFS, na sigla em russo), pode — e deve — ser usado para efetuar os pagamentos.

“O sistema russo de pagamentos (sobre o qual tenho artigos escritos) pode ser implementado, sim, sem nenhuma dúvida. Aumentaria o grau de segurança para o importador brasileiro se tivesse algum sistema de garantias. Vale observar o mercado brasileiro de importadores de diesel: embora sejam várias empresas pulverizadas, somente três empresas controlam 80% do mercado. Logo, esse oligopólio já é transnacionalizado e já está muito preocupado com as sanções dos Estados Unidos. Então não é só uma razão econômica: também é uma questão da política internacional e como essas empresas são leais. Vale observar quais são as maiores empresas brasileiras de diesel e quais são as empresas que compõem a Associação Brasileira de Importadores de Combustível”, apontou ele.

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