Rosemeire Aparecida Ribeiro morreu logo após realizar o sonho de ser mãe. Médicos cardiologistas apontam que mulheres nessa faixa etária são mais propensas a terem eventos cardiovasculares. Nos procedimentos de fertilização, segundo eles, deve-se ter cautela para evitar problemas com hormônios.
A aposentada Rosemeire Aparecida Ribeiro morreu, aos 54 anos, vítima de uma parada cardíaca, uma semana após dar à luz gêmeas e realizar o sonho de ser mãe. O g1 conversou, nesta quarta-feira (21), com médicos cardiologistas que explicaram sobre a causa da morte da mulher, analisaram a possível relação com procedimentos de fertilização e comentaram sobre a chamada ‘gestação de risco’, que pode ser classificada, entre diversos fatores, com a gravidez abaixo dos 15 anos ou acima dos 35.
Rosemeire morreu em Santos, no litoral de São Paulo, após dar entrada em um hospital relatando falta de ar. Segundo a irmã da dela, Célia Regina, a aposentada realizou “todos os procedimentos necessários” para garantir a própria segurança e a das crianças antes de se submeter à fertilização ‘in vitro’.
A parada cardíaca, de acordo com o médico cardiologista Marcelo Pilnik, é “consequência de uma arritmia cardíaca“. O profissional explicou também que “a principal causa do problema, que leva a uma parada cardiorrespiratória, é o infarto agudo do miocárdio”.
O médico cardiologista Rider Nogueira de Brito Filho, por sua vez, acrescentou que, ‘atrás’ de uma parada cardíaca, pode existir uma questão patológica, ou seja, relacionada a doenças, ou “qualquer coisa que esteja agredindo de forma muito intensa no organismo da pessoa, que acaba causando a morte. O último ‘evento’ desse processo é a parada cardíaca“.
Procedimentos para engravidar
Ainda de acordo com o o médico Marcelo Pilnik, não há ‘ligação direta’ entre os procedimentos para engravidar e a ocorrência de parada cardíaca, porém, é preciso que sejam realizados com cautela. “Temos que tomar cuidado com a dose dos hormônios que são usados, pois se usados de maneira inadequada, podem causar fenômenos tromboembólicos [formação de trombo]”.
O médico Rider Nogueira apontou que alguns riscos podem estar envolvidos, uma vez que, em sua maioria, a fertilização assistida seria procurada por pessoas com idades mais avançadas.
“Algumas coisas têm que ser levadas em conta, como o uso de hormônios durante esse tipo de tratamento. O aumento da chance de trombose, hipertensão arterial e outras coisas que podem estar envolvidas. Para que o tratamento seja adotado, é muito importante uma análise médica e prévia da paciente”, complementou Rider Nogueira.
Cardiologistas sobre gravidez após os 50 anos
Segundo Marcelo Pilnik, mulheres aos 50 anos normalmente já estão na menopausa e, nesse período, estão mais propensas a terem eventos cardiovasculares – infarto e Acidente Vascular Cerebral, o AVC -, “principalmente se associado a presença de outros fatores de risco, como hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, dislipidemia e obesidade”.
Apesar disso, o profissional ressalta que, em geral, “não existe uma contraindicação cardiológica para engravidar nesta faixa etária, desde que a paciente controle muito bem alguma eventual comorbidade que aumente o risco cardiovascular”.
O médico Rider Nogueira ressaltou o conceito de ‘gestação de risco‘. “No caso em questão, qualquer gestação acima dos 35 anos, ou abaixo dos 15, é considerada dessa forma. Além disso, podemos citar a presença de conflitos familiares, situação conjugal instável, uso de drogas ilícitas, álcool, fumo, riscos ocupacionais, entre outros, acabam levando a gente a considerar uma gestação de risco”.