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sexta-feira, 12/12/2025

Medicamentos para emagrecer: avanço só para alguns

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As canetas usadas no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, como Ozempic e Mounjaro, representam um grande avanço para quem sofre dessas condições, mas esse progresso não atingirá a todos.

Maria Edna de Melo, endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, disse durante o Summit Saúde e Bem-Estar do Estadão em São Paulo que esses medicamentos são “uma evolução, mas para poucos”.

Segundo Maria Edna, mesmo com a expectativa de queda nos preços, esses remédios não devem se popularizar como muitos esperam, pois o custo continuará alto.

Os medicamentos são muito caros por causa da tecnologia usada em sua criação e da complexidade da distribuição até chegarem às farmácias. Apesar disso, existem estudos para criar versões orais que podem ser mais acessíveis, mas isso ainda levará tempo devido às patentes.

Essas canetas são recomendadas apenas para pessoas com obesidade (índice de massa corporal acima de 30) ou com sobrepeso (IMC acima de 27) e alguma doença associada, como diabetes tipo 2, pressão alta ou colesterol alto. Embora algumas pessoas consigam comprá-las por conta própria mesmo sem indicação médica, o uso sem orientação pode trazer riscos.

Carlos Minanni, endocrinologista do Hospital Israelita Einstein, reforça que esses medicamentos são seguros para quem realmente precisa, mas podem causar efeitos colaterais e não são indicados para uso estético ou recreativo.

Uso para estética

O uso dos análogos de GLP-1 para emagrecimento estético é comum, mas perigoso, alertam especialistas que participaram do mesmo evento. Carlos Minanni esclareceu que esses remédios não são feitos para emagrecimento rápido ou controle estético, e seu uso inadequado pode prejudicar a saúde.

A nutricionista Marcela Kotait explica que é importante não romantizar o emagrecimento, pois o uso desses medicamentos deve ser acompanhado por avaliação médica criteriosa e mudanças no estilo de vida.

Estigma da obesidade

A obesidade é uma doença séria que sofre muito preconceito. Maria Edna destaca que muitas pessoas pensam que quem tem obesidade é apenas alguém sem força de vontade, o que dificulta o tratamento.

Esse preconceito faz com que o paciente adie procurar ajuda, aumentando os riscos para a saúde. Além disso, pode afetar políticas públicas para combate à obesidade, como apontou Mark Barone, do Fórum Intersetorial de Condições Crônicas Não Transmissíveis.

Marcela Kotait reforça que dietas muito restritivas não são uma solução duradoura e que é necessário estabelecer hábitos saudáveis junto ao tratamento.

Além da saúde

Para reduzir a obesidade, são necessárias ações em vários setores, incluindo o controle da indústria alimentícia e a criação de espaços seguros para atividades físicas, como parques e praças.

A alimentação saudável deve ser facilitada e o consumo de alimentos ultraprocessados desencorajado por meio de políticas públicas de preços e fiscalização, segundo Marcela Kotait e Maria Edna.

Maria Edna ressalta que isso exige coragem para implementar mudanças não só na saúde, mas na economia, como reduzir subsídios para produtos prejudiciais, para proteger a saúde da população.

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