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terça-feira, 09/09/2025

Medicamentos para câncer podem ajudar no tratamento do Alzheimer

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Cientistas da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) e dos Institutos Gladstone, ambos nos Estados Unidos, descobriram que uma combinação de medicamentos utilizados para tratar câncer mostra potencial para combater a forma mais comum de demência, o Alzheimer.

Os fármacos letrozol e irinotecano mostraram, em testes com camundongos, capacidade de reverter danos cerebrais causados pela doença e restaurar a memória.

O letrozol é normalmente usado para tratar câncer de mama, enquanto o irinotecano é indicado para câncer de cólon e pulmão. Cada remédio age sobre um tipo diferente de célula cerebral, e a combinação foi particularmente eficaz.

O que é Alzheimer?

O Alzheimer é uma doença progressiva que afeta o cérebro, prejudicando a memória e outras funções cognitivas. A causa exata ainda é desconhecida.

É a forma mais comum de demência entre idosos, respondendo por mais da metade dos casos no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.

Os sintomas iniciais incluem perda da memória recente, e com o avanço surgem dificuldades para lembrar fatos antigos, confusão quanto ao tempo e espaço, irritabilidade, mudanças na fala e na comunicação.

Os pesquisadores analisaram como o Alzheimer altera a expressão genética no cérebro e, com isso, compararam essas alterações com os efeitos provocados por 1,3 mil medicamentos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, buscando compostos que revertessem os padrões genéticos modificados pela doença.

“Estamos entusiasmados que nossa abordagem computacional nos levou a uma potencial terapia combinada baseada em medicamentos já existentes”, afirmou Marina Sirota, coautora sênior do estudo publicado na revista Cell.

Medicamentos com potencial

A triagem genética identificou 86 medicamentos capazes de reverter os efeitos do Alzheimer em pelo menos um tipo de célula cerebral, dos quais apenas 10 já eram aprovados para uso humano.

Cinco deles se destacaram por atuarem sobre diferentes tipos de células afetadas, incluindo neurônios e células da glia, que ajudam no suporte e proteção dos neurônios.

A equipe cruzou essas descobertas com dados médicos anônimos de mais de 1,4 milhão de pessoas com mais de 65 anos, cadastradas em sistema de saúde da Universidade da Califórnia. Os resultados indicaram que alguns desses medicamentos estavam ligados a menor risco de desenvolver Alzheimer ao longo do tempo.

“Com todas essas fontes de dados, reduzimos de 1,3 mil para 86, depois para 10 e finalmente para cinco medicamentos. Isso seria como um ensaio clínico simulado”, explicou Yaqiao Li, principal autor do estudo.

Testes promissores

Para testar a efetividade dos medicamentos, os cientistas utilizaram um modelo experimental de Alzheimer agressivo em camundongos, que apresentavam sintomas como perda de memória e degeneração cerebral conforme envelheciam.

Ao receberem o tratamento combinado dos dois fármacos, os animais mostraram melhora significativa, com redução das proteínas tóxicas, preservação do tamanho do cérebro e, o mais importante, recuperação da memória.

“É muito emocionante ver a validação dos dados computacionais em um modelo amplamente utilizado”, disse o pesquisador Yadong Huang, coautor do estudo.

A equipe espera avançar para testes clínicos em humanos em breve. Se os resultados forem confirmados, esses medicamentos podem representar um avanço importante no tratamento do Alzheimer.

“Se fontes de dados independentes apontarem para os mesmos caminhos e medicamentos, e resolvermos o Alzheimer em um modelo genético, talvez estejamos no caminho correto”, concluiu Marina Sirota.

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