Brasília, 04 – Herlon Brandão, diretor do Departamento de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), destacou que a redução de 18,5% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos em agosto não se deve apenas à nova tarifa aplicada há cerca de um mês.
Ele explicou que diversos fatores de mercado, como a variação na demanda e a atividade econômica, influenciam os altos e baixos nas exportações.
Brandão afirmou que o choque tarifário é um fator importante para a queda nas vendas, como ocorreu em agosto, mas que provavelmente a incerteza causada pela nova tarifa em julho fez com que algumas mercadorias fossem antecipadamente enviadas, o que resultou em uma diminuição nas vendas em agosto, tanto para produtos tarifados quanto para alguns não tarifados.
Sobre os preços, ele comentou que o aumento não está necessariamente ligado à tarifa, pois depende da estrutura do mercado. Se o consumidor for relevante, o exportador pode até reduzir o preço para manter a competitividade do produto.
Ele citou exemplo de produtos que tiveram aumento nas exportações em agosto, como o suco de laranja, que não é tarifado, e o café, que foi tarifado. Para identificar o efeito exato das tarifas, será necessário mais tempo de análise.
Impacto
Brandão confirmou que o comércio entre Brasil e EUA deve diminuir em função das tarifas, mas ainda não é possível medir a intensidade dessa queda.
Ele explicou que o aumento de preço por tarifas normalmente reduz a demanda, a não ser que o produto seja muito competitivo ou pouco sensível à variação de preço. O futuro das exportações dependerá do comportamento dos consumidores e de possíveis exceções nas tarifas, já que muitos bens essenciais são exportados para os EUA.
Além disso, ele ressaltou que não é possível determinar quais outros países estão comprando os produtos que antes eram destinados aos EUA.
Produtos com queda nas exportações
Em agosto, comparado a agosto de 2024, várias mercadorias brasileiras tiveram redução nas exportações para os EUA, entre elas: aeronaves e peças (-84,9%), produtos semiacabados de ferro e aço (-23,4%), óleos combustíveis (-37%), açúcar (-88,4%), minério de ferro (100% de queda), máquinas de energia elétrica (-45,6%), carne bovina fresca (-46,2%), motores e máquinas não elétricos (-60,9%), celulose (-22,7%) e madeira parcialmente trabalhada (-39,9%).
Brandão comentou que alguns desses produtos caíram mesmo sem estarem sujeitos às novas tarifas, o que provavelmente ocorreu devido à antecipação das exportações em julho.
Ele destacou que houve crescimento de 7% nas exportações em julho, seguido da queda de 18,5% em agosto, reforçando a ideia da antecipação.
O aço semiacabado, que sofreu queda, está diretamente relacionado à tarifa de exportação que aumentou em março deste ano, conforme explicou o diretor.
Também é provável que as quedas nas vendas de açúcar, máquinas e carne bovina estejam ligadas às tarifas, pois o aumento dos preços reduz a demanda.