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sexta-feira, 22/08/2025

MCMV para classe média avança devagar e governo pensa em ajustes para acelerar vendas

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O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), prometido pelo governo Lula para facilitar a compra de imóveis pela classe média, foi lançado em maio, mas ainda não tem apresentado resultados expressivos, segundo dados exclusivos do setor obtidos pelo Estadão/Broadcast. Governo e construtoras esperam que o programa ganhe ritmo nos próximos meses, enquanto avaliam a necessidade de ajustes para impulsionar as vendas.

Desde maio, a Caixa Econômica Federal assinou cerca de 7 mil contratos na nova faixa 4 do programa, o que representa apenas 5,8% da meta de 120 mil moradias anunciada pelo governo. Atualmente, há outros 15 mil contratos em negociação e mais de um milhão de simulações feitas, indicando o interesse da população, conforme avaliou o diretor de crédito imobiliário da Caixa, Roberto Ceratto. “O número de simulações é um sinal positivo”, afirmou ele.

A faixa 4 é destinada a famílias com renda mensal de até R$ 12 mil e abrange imóveis de até R$ 500 mil. Uma das vantagens do programa é o financiamento em até 420 meses com taxa de juros subsidiada de 10% ao ano, menor que a taxa média de mercado, que está em 13% ao ano.

O principal obstáculo para a compra de imóveis atualmente é a alta taxa de juros, que encarece as parcelas do financiamento. Com a faixa 4, o governo busca aumentar o poder de compra das famílias.

Roberto Ceratto destacou que ainda é cedo para falar em mudanças no programa. “A faixa 4 está caminhando e deve crescer nos próximos meses. É importante garantir segurança e continuidade ao projeto”, disse.

O vice-presidente de Habitação de Interesse Social da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Clausens Duarte, afirmou que o desempenho da faixa 4 está abaixo do esperado desde maio, já que o governo previa contratar todas as moradias até o fim de 2026. “Os números estão abaixo da curva prevista”, observou.

Um dos motivos é a oferta reduzida de imóveis novos que se encaixam no segmento. “A faixa 4 foi uma surpresa positiva, mas o setor não estava preparado para essa demanda”, explicou Duarte. Atualmente, o foco está nos imóveis usados e em apartamentos novos de empreendimentos já lançados.

Além disso, o financiamento para construtoras na faixa 4 está sendo feito com recursos de tesouraria e sem juros subsidiados, o que não é muito atrativo para os empresários. O governo estuda formas de viabilizar recursos com custo menor para incentivar a produção nessa faixa. “Há conversas para flexibilizar o financiamento para pessoa jurídica na faixa 4 para acelerar lançamentos”, revelou Duarte.

O programa possui orçamento de R$ 30 bilhões, dividido entre fundos do pré-sal e recursos da Caixa. O diretor do Departamento de Planejamento e Política Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Daniel Sigelmann, declarou: “Esperamos que todo o orçamento seja utilizado até o fim de 2026. É natural que o programa comece devagar e depois ganhe ritmo”. Segundo ele, no momento, não há planos de alterar os parâmetros do programa.

A visão das construtoras

O presidente da Direcional, Ricardo Ribeiro, acredita que o governo deve monitorar o consumo dos recursos da faixa 4 e, caso esteja lento, pode haver ajustes para melhorar o poder de compra.

A MRV&CO está vendendo unidades de empreendimentos já lançados, com valores acima da faixa 3 (até R$ 350 mil). O diretor financeiro da MRV&CO, Ricardo Paixão, considera normal que as contratações estejam caminhando mais devagar neste momento, e destacou que o mercado precisa de tempo para se adaptar.

Estadão Conteúdo

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