Conversa envolve lançamento de nome do grupo ao Senado, em vez de ao governo
O Movimento Brasil Livre (MBL), que esteve por trás das manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, virou parte da negociação para tentar levar o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin ao União Brasil.
Uma das propostas que Alckmin tem avaliado envolve se filiar à legenda que vai ser formar com a fusão de DEM e PSL para concorrer mais uma vez ao governo paulista. Nesse arranjo, ele teria em sua chapa, como candidato ao Senado, um nome indicado pelo MBL.
O ex-governador também pondera se filiar ao PSD e mantém conversas com seu ex-vice, Márcio França (PSB). De saída do PSDB, Alckmin tem dito que não tem pressa para definir seu futuro partidário e que busca uma coalização capaz de lhe dar fundo eleitoral e tempo de TV. Na última pesquisa Datafolha, divulgada em setembro, ele apareceu em primeiro lugar, com 26% das intenções de voto.
Planos diferentes
Embora o MBL tenha se abrigado no diretório municipal do Patriota no ano passado justamente para lançar do Val a prefeito de São Paulo, algumas de suas lideranças estão filiadas nos dois partidos que devem se fundir no União Brasil.
Dois exemplos são o deputado federal Kim Kataguiri (DEM) e o vereador paulistano Rubinho Nunes (PSL), expulso do Patriota por criticar a filiação de Flávio Bolsonaro à legenda, em maio.
Ainda assim, integrantes do MBL dizem que avaliam a oferta feita pelo União Brasil. Já Do Val afirma descartar trocar a disputa ao governo de São Paulo pela Câmara dos Deputados:
— Fui lá conversar com ele. Não existiu uma proposta formal. E eu também não acho que isso daria liga. Não daria liga, não. (O Alckmin) não encaixa (no plano do MBL para 2022) — afirmou o parlamentar.
Convencer o MBL a entrar na chapa não é o único entrave aos planos de Bozzella para as eleições de 2022. Embora ele diga que assegurou o comando do diretório paulista do União Brasil, ainda precisa lidar com a pressão do comando do DEM no estado.
O grupo, ligado ao presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, defende que o novo partido entre na aliança do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), possível rival de Alckmin na disputa pelo governo do estado.
— Começo a enxergar um palanque interessante, com União Brasil, Podemos, o MBL. A candidatura do Arthur a federal daria consistência. Mas isso é uma especulação ainda — disse Bozzella ao GLOBO.