O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, comentou sobre a reunião com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, realizada na tarde desta quarta-feira (30/7), em Washington, D.C.. Na ocasião, ele deixou claro ao representante norte-americano que é inaceitável qualquer interferência que viole a soberania nacional, principalmente no que tange às decisões do poder judiciário brasileiro.
A reunião teve como pauta principal a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Mauro Vieira reafirmou a Rubio que o Brasil está aberto às negociações comerciais iniciadas em março deste ano, porém, que estas foram interrompidas após a divulgação da carta do ex-presidente Donald Trump em 9 de julho.
O ministro ressaltou que o poder judiciário brasileiro é independente assim como nos Estados Unidos, e não se subjugará a pressões externas, inclusive no processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele enfatizou ainda que o governo brasileiro se reserva o direito de tomar medidas em resposta às ações dos EUA.
Ao final do encontro, Mauro Vieira e Marco Rubio concordaram na importância de manter um diálogo contínuo para resolver as questões bilaterais. O ministro retorna ao Brasil nesta noite e irá relatar ao presidente Lula o conteúdo das conversas para definir as próximas medidas do país.
O encontro ocorreu no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva elevando a tarifa sobre produtos brasileiros para 50%, apesar de isentar quase 700 itens, incluindo produtos aeronáuticos civis, suco e derivados de laranja, minério de ferro, aço e combustíveis, entre outros.
Mauro Vieira está nos EUA para participar de uma conferência da Organização das Nações Unidas em Nova York, onde se discutiu a criação do Estado da Palestina, com a presença de representantes de 55 países.
Nos Estados Unidos, Donald Trump já havia aplicado em abril uma tarifa de 10% sobre importações brasileiras, mas decidiu aumentar recentemente para 50%, justificando a decisão como uma resposta à perseguição judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.