A defesa do Banco Master divulgou uma nota, neste sábado, 22, afirmando que o banco não foi responsável pelos empréstimos concedidos ao Banco de Brasília (BRB), o que originou a Operação Compliance Zero.
De acordo com o Master, liderado por Daniel Vorcaro, preso na segunda-feira, 17, a companhia que originou o crédito cuidou da operação e apresentou a documentação que continha irregularidades.
No entanto, o Master não esclareceu várias questões levantadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, após denúncias feitas pelo Banco Central, que fundamentaram a investigação. Um desses pontos é que a empresa responsável pelos créditos repassados ao BRB, a Tirreno Consultoria de Crédito, foi criada por um ex-funcionário do banco, André Felipe de Oliveira Seixas Maia.
Outra questão não explicada é que a Tirreno mudou de nome e aumentou seu capital social de R$ 100 para R$ 30 milhões apenas dois dias antes de fechar o contrato com o Master.
Segundo o juiz da 10.ª Vara Criminal do Distrito Federal, que autorizou a operação, a hipótese é que o Grupo Master tenha tentado aumentar seu patrimônio de forma falsa para cobrir um rombo de R$ 12 bilhões, associando-se ilegalmente a uma Sociedade de Crédito Direto, utilizando carteiras de empréstimos inexistentes para revendê-las ao BRB.
Um levantamento feito pelo Banco Central em 30 CPFs cedidos pela Tirreno mostrou que os empréstimos não tinham sido efetivamente realizados. “Não foi possível confirmar a correspondência das operações com os respectivos movimentos financeiros”, relatou a instituição.
Na carta da defesa divulgada neste sábado, o Master afirma que o BRB “não ficou com os créditos originados por terceiros, mas com outras carteiras e ativos do conglomerado Master, que não são objeto da investigação”. O BRB informou ter liquidado ou substituído R$ 10 bilhões dos R$ 12,2 bilhões.
Porém, o Master não explicou por que cláusulas contratuais que obrigavam a devolução integral dos recursos ao banco público não foram cumpridas, sendo feita uma troca por carteiras, como apontam as investigações.
Segundo o juiz, “o BRB informou que faria uma substituição dos créditos, mas de forma contrária ao contrato, que não permitia essa troca”. Ele também destacou o descumprimento de uma cláusula que exigiria a devolução imediata de R$ 6,7 bilhões da conta vinculada da Tirreno no Banco Master ao BRB, que foi feita em parcelas mensais, diferente do acordado.
O juiz ainda ressaltou que é incomum que só após a intervenção do Banco Central, o BRB começou a exigir documentos extras, fazendo auditoria independente e acessos controlados às dependências do Banco Master, o que gera suspeitas sobre a operação e exige maior cuidado.
Estadão Conteúdo
