Melina Fachin, diretora da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e filha do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, manifestou grande insatisfação após sofrer agressões dentro do campus universitário. O ocorrido foi relatado pelo seu esposo, o advogado Marcos Gonçalves, em entrevista concedida ao Metrópoles nesta segunda-feira (15/9).
Segundo Gonçalves, Melina demonstrou indignação diante do ataque, mas permanece firme, sem se deixar intimidar por qualquer ameaça, independentemente da origem.
Perfil de Melina Fachin
Melina Fachin ocupa o cargo de diretora da Faculdade de Direito da UFPR desde 2021, lecionando Direito Constitucional. Graduada em Direito pela UFPR, ela possui mestrado e doutorado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e realizou formações adicionais na França e em Portugal.
Além da atividade acadêmica, Melina atua como advogada e participa de entidades como a Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR e o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB).
Até o momento, a professora não se manifestou publicamente sobre o incidente, sendo seu marido o responsável por divulgar o ocorrido nas redes sociais.
Detalhes do incidente
Na última sexta-feira (12/9), um homem não identificado se aproximou de Melina no campus universitário, cuspiu nela e a chamou de “lixo comunista”. O advogado atribuiu o ataque ao clima de hostilidade política e ressaltou que a violência é consequência direta do discurso de ódio propagado pelo radicalismo de extrema direita.
Foi descartada a possibilidade de afastamento da professora de suas funções até a conclusão das investigações. Marcos Gonçalves pediu que o agressor se identificasse publicamente para que o caso fosse resolvido.
Posição da UFPR
A Universidade Federal do Paraná informou que o caso será analisado pelo Conselho de Planejamento e Administração (Coplad) em reunião marcada para o dia 16/9. A instituição afirmou estar avaliando os fatos e que a situação será encaminhada ao colegiado, sem confirmar, até o momento, a abertura de processos internos.
Reações
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) repudiou firmemente a agressão, ressaltando que a universidade deve ser um espaço para o diálogo e aprendizado, livre de intolerância.
O ministro do STF Gilmar Mendes expressou solidariedade a Melina Fachin, classificando o ocorrido como inaceitável e destacando que divergências políticas não devem servir de justificativa para intimidações, especialmente em ambiente universitário, que deve prezar pelo respeito e pluralismo.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, qualificou o episódio como um caso de violência política de gênero, ressaltando que o ataque não é isolado, mas resultado do ódio gerado pela extrema-direita contra mulheres, universidades e a democracia. Hoffmann pediu a responsabilização rápida do agressor e daqueles que incentivam esse tipo de violência, reafirmando apoio à professora Melina Fachin e à comunidade acadêmica da UFPR.