Em seu primeiro culto depois de ser alvo de um mandado de busca e apreensão da Polícia Federal (PF), o pastor Silas Malafaia declarou que não tem receio de ser detido. O evento religioso aconteceu na noite de quinta-feira (21/8), na Assembleia de Deus Vitória em Cristo, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, onde ele pregou por cerca de uma hora.
Malafaia considera as investigações contra ele uma forma de perseguição e afirmou que não teme represálias. “Eu não temo ser preso, não tenho medo de represálias. A pior situação é lutar contra alguém destemido no que deseja combater. Eu não temo nada disso”, declarou.
Durante sua fala, o pastor abordou o tema da intolerância religiosa e criticou duramente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele o comparou a ditadores e associou o governo brasileiro a regimes autoritários, mencionando a União Soviética, Coreia do Norte, Cuba e China.
Malafaia afirmou que a democracia no Brasil está ameaçada, pois, segundo ele, as pessoas têm receio de expressar suas opiniões publicamente. “Isso é a maior demonstração de que o Estado democrático no Brasil está em risco”, afirmou. Além disso, chamou o ministro de “chefe da Gestapo”, referindo-se à polícia secreta do regime nazista.
Detalhes sobre a operação da Polícia Federal
O pastor relatou aos presentes como ocorreu a ação da PF na quarta-feira (20/8). Segundo ele, agentes recolheram quatro cadernos onde costumava escrever suas pregações. Malafaia pediu para manter um exemplar, mas foi informado que deveria entregar todo o material, decisão atribuída a Moraes.
O líder religioso negou que utilize a igreja para fins políticos e afirmou não ter planos de disputar cargos públicos. “Sou uma voz profética. Não tenho intenção de ser candidato a nada”, declarou.
No culto, também foi mencionado o vazamento das conversas trocadas com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que vieram à tona pela PF. Malafaia considerou o incidente uma invasão de privacidade, mas ressaltou que isso reforça sua independência política. “O vazamento evidencia minha integridade e minha sinceridade ao criticar ou defender o que merece”, afirmou.
Investigação em curso
O pastor teve seu celular apreendido logo após chegar ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, vindo de Lisboa. Por determinação de Moraes, seu passaporte está retido, e ele está proibido de sair do país ou manter contato com outros investigados, entre eles Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
De acordo com a apuração, Malafaia teria participado de atividades coordenadas destinadas a disseminar informações falsas e exercer pressão sobre membros do Judiciário para beneficiar o grupo associado ao ex-presidente.