O pastor Silas Malafaia manifestou críticas à direita após o governo dos Estados Unidos anunciar a suspensão das sanções da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Em um vídeo compartilhado nas redes sociais neste sábado (13/12), o líder evangélico ressaltou que parte do campo conservador agiu de forma precipitada e emocional diante do retrocesso norte-americano.
Segundo Malafaia, há uma compreensão errônea de que a interrupção das sanções se deve diretamente a decisões tomadas no Brasil, como a diminuição de penas previstas no PL da Dosimetria, aprovado pela Câmara na última quarta-feira (10/12). O projeto ainda deve ser apreciado no Senado em 17 de dezembro.
“Agora surge a questão da suspensão da Magnitsky contra Alexandre de Moraes. Aí começam os comentários: ‘O documento americano é porque o Brasil reduziu penas’. E vêm alguns da direita dizendo: ‘Viu? Reduziram penas e olha o que ocorreu’. O americano pensa primeiro em si mesmo. Vamos cessar com conversas vazias e acreditar que nossa esperança está no externo”, afirmou.
Para o líder religioso, se o recuo americano estiver ligado ao PL da Dosimetria, o fato deve ser interpretado positivamente.
“Prefiro a liberdade de pessoas inocentes a uma retaliação Magnitsky contra Alexandre de Moraes. Se este for o motivo, excelente. Porque, no atual cenário político, a maior conquista seria a diminuição das penas”, concluiu.
O pastor também recomendou que a direita mantenha a calma para buscar o momento adequado para promover uma anistia ampla, geral e irrestrita.
“É preciso paciência. Política não se constrói com base em emoções ou redes sociais. Não estou preocupado com críticas. A direita tem muito para aprender. É lamentável: apresentam candidaturas fora de tempo, sem consultar ninguém, e querem que todos aceitem sem questionar”, criticou.
Moraes fora das sanções da Lei Magnitsky gera desconforto entre bolsonaristas
As declarações do pastor Silas Malafaia acontecem em meio ao descontentamento entre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A suspensão das sanções foi anunciada na sexta-feira (12/12) pelo governo dos EUA e surpreendeu parte da base bolsonarista, que esperava que as penalidades contra Alexandre de Moraes fossem mantidas.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde fevereiro e foi um dos principais articuladores das sanções, declarou ter recebido a notícia com tristeza.
Em comunicado, Eduardo afirmou que a falta de unidade entre aliados no Brasil influenciou a decisão americana, avaliação que foi contestada por outros representantes da direita. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, chamou a declaração de “fraude intelectual”, alegando que decisões geopolíticas não podem ser atribuídas ao povo brasileiro ou ao Congresso.
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) adotou uma postura mais positiva e disse que a ação do presidente Donald Trump poderia impulsionar o avanço de um projeto de anistia no país.
O governo dos Estados Unidos informou que a decisão de revogar as sanções da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes foi motivada pela aprovação do PL da Dosimetria. Em declaração enviada ao Metrópoles, o Departamento de Estado destacou que a medida “indica uma melhoria nas condições jurídicas no Brasil”.
“Os Estados Unidos veem a aprovação de um relevante projeto de lei de anistia pela Câmara dos Deputados do Brasil como um progresso positivo, que sinaliza o aprimoramento do ambiente jurídico no país”, afirmou o Departamento de Estado dos EUA em comunicado.