Vem aí um novo fundo para financiar a ciência. Comentários positivos vêm das universidades. Quem vai pagar a conta (empresários e contribuintes) não opina.
A ideia de que tudo se compra e tudo se resolve com “mais” dinheiro não costuma dar certo no longo prazo. O anúncio de um novo fundo para financiar a ciência chama a atenção. Todos os comentários – positivos – vêm das universidades. Os empresários, que serão chamados a pagar a conta, não opinam – pelo menos não opinaram até aqui. E os contribuintes…
Do que se lê na imprensa, há dois objetivos com o “inédito fundo privado” a ser criado pelo governo: de um lado, projetar internacionalmente a ciência brasileira. De outro, menos falado, aumentar a produtividade via conhecimento e inovação. Se os objetivos são esses, antes de jogar mais recursos no sistema universitário, seria o caso de indagar, por exemplo, como se faz pesquisa no Brasil, que entraves existem para usar bem o dinheiro disponível e como se deve fazer para produzir pesquisa, pesquisadores e centros de pesquisa de padrão internacional.
Não cabe no espaço curto de um blog discutir assunto tão complexo. Basta um dado. Nos países da OCDE, 69% dos investimentos são feitos diretamente pelo setor privado – os empresários aportam os recursos e contratam os projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação que consideram relevantes. Os projetos podem ser realizados nas próprias empresas ou contratados em centros de pesquisa universitários. Quem encomenda a música paga os músicos. Não chamam a raposa para cuidar do galinheiro.
O Brasil está prestes a entrar na OCDE como membro. Antes de criar mais impostos para as empresas, deveria considerar as melhores práticas. Para os interessados, no site da OCDE encontra-se um valioso estudo sobre incentivos fiscais para a Ciência e Tecnologia: http://oe.cd/rdtax.