O trânsito no Distrito Federal continua apresentando números preocupantes e relatos marcantes de pessoas que viveram acidentes graves. Dados do Departamento de Trânsito (Detran-DF) mostram que, entre 2023 e 2024, ocorreram 153 mortes em ruas e estradas da região. Entre as avenidas, a Hélio Prates, em Ceilândia, tem o maior número de mortes, com nove casos no período, seguida pela Avenida Alagado e a 1ª Avenida Sul, ambas com cinco mortes. Nos primeiros seis meses de 2025, a Hélio Prates manteve a média, com duas mortes, igual ao registrado nos anos anteriores.
Nas estradas, os números são ainda mais graves. A DF-001 teve 46 mortes, a BR-020 teve 36 e a DF-003 registrou 34 casos. Apenas nos primeiros seis meses de 2025, a DF-001 já contava nove mortes, mostrando que algumas áreas continuam muito perigosas para motoristas e pedestres.
O Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) confirma a seriedade da situação. De janeiro a agosto de 2025, foram atendidas 6.966 colisões de veículos, contra 6.800 no mesmo período de 2024. Agosto foi o mês mais crítico nos dois anos, com pouco mais de mil acidentes registrados. No ano passado inteiro, os bombeiros atenderam 9.178 casos, com picos em maio e agosto.
Acidentes recentes reforçam alerta
Em 1º de setembro de 2025, os bombeiros registraram vários acidentes graves em diferentes locais do DF. Na BR-251, perto da saída de São Sebastião, uma batida frontal entre dois carros deixou feridos e mobilizou cinco equipes de socorro. No mesmo dia, em Planaltina, um carro e uma moto colidiram na Vila Buritis. O motociclista, de 21 anos, foi levado para o Hospital Regional de Planaltina. A motorista do carro não teve ferimentos aparentes.
Outro acidente aconteceu na DF-459, estrada que liga Samambaia a Taguatinga. Um Fiat Mobi branco capotou, deixando o motorista, de 42 anos, ferido, com dores na coluna e na cabeça. Ele foi resgatado pelos bombeiros e levado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
Na BR-251, outro choque frontal entre dois carros feriu três pessoas: um motorista com costela fraturada, outro com suspeita de fratura no punho e escoriações, além de uma criança de dois anos que sofreu corte na nuca e dores nas costas. Pai e filho foram levados ao Hospital Regional do Paranoá.
História de superação
Os números ganham rosto na história do motoboy Welbert dos Santos, 30 anos, de Águas Lindas. Há três meses, ele sofreu um acidente sério na BR-070 ao voltar para casa. Era passageiro de um carro dirigido por um conhecido quando colidiram com um caminhão após uma manobra perigosa. O motorista morreu no local.
Welbert foi resgatado de helicóptero, teve várias fraturas, perfuração no pulmão e sofreu três paradas cardíacas. “Graças a Deus, estou aqui. Foi muito difícil, quase não lembro do local. Só me lembro de acordar no hospital”, contou.
Depois de dias internado, voltou a fazer parte das atividades diárias, mas ainda tem sequelas. “Não sou mais o mesmo. Parei de malhar, algo que gostava. Às vezes fico sem ar, especialmente quando tento correr”, relatou. Para ele, estar vivo é um milagre. “O motorista não tinha habilitação e mexia no celular. Isso custou a vida dele. O que digo é: não deixe qualquer pessoa dirigir seu veículo, pois pode ser fatal.”
Educação e responsabilidade no trânsito
A gerente de Ação Educativa do Detran-DF, Magda Brandão, destaca que o órgão tem reforçado campanhas para diminuir os acidentes. Segundo ela, o objetivo é eliminar atropelamentos e mortes no trânsito. “Queremos zero acidentes graves. A vida é o bem mais valioso, por isso todos têm que colaborar, sejam motoristas, ciclistas, motociclistas ou pedestres”, disse.
Para o especialista em segurança viária da Universidade Católica de Brasília, Artur Morais, de 60 anos, a maioria dos acidentes ocorre por imprudência. Ele explica que “quase todos são causados por infrações de trânsito, como excesso de velocidade, dirigir alcoolizado, usar celular e ultrapassagens proibidas nas estradas”. Artur acrescenta que o motorista pode ser o principal responsável pelo acidente, mas também a solução, seguindo as regras aprendidas na autoescola e respeitando o Código de Trânsito.