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quinta-feira, 28/08/2025

Mais da metade da população nas capitais faz trabalhos extras para aumentar a renda

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Em Brasília

LEONARDO VIECELI
PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS)

Mais da metade das pessoas em dez capitais brasileiras, exatamente 56%, têm que fazer algum tipo de trabalho extra para ajudar a melhorar a renda familiar, segundo uma pesquisa recente.

Os trabalhos mais comuns são serviços como faxina, pequenos consertos, reformas, jardinagem e o chamado “marido de aluguel”, citados por 17% dos entrevistados.

Outras atividades frequentes incluem a venda de roupas e itens usados (12%), produção caseira de alimentos para vender (9%), revenda de cosméticos ou produtos de beleza (8%) e trabalhar como motorista ou fazer entregas por aplicativo (7%).

Essa pesquisa, chamada Viver nas Cidades: Desigualdades, foi divulgada no dia 28, resultado do trabalho conjunto do Instituto Cidades Sustentáveis, Ipsos-Ipec e Fundação Volkswagen.

Foram ouvidas pessoas acima de 16 anos que moram há pelo menos dois anos nas capitais consideradas, com diferentes níveis de renda.

A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para o total, e pode chegar a 6 pontos percentuais para cada capital.

Ainda segundo o levantamento, 37% dos entrevistados não precisaram fazer trabalhos extras no último ano, enquanto 7% não souberam responder.

O percentual maior de pessoas que recorrem a bicos aparece entre famílias com renda de até dois salários mínimos (68%), pessoas com deficiência ou que convivem com alguém com deficiência (68%) e entre as classes sociais D e E (65%).

Também são mais frequentes entre pretos e pardos (63%), evangélicos e protestantes (63%) e aqueles com ensino médio completo (62%).

Belém (70%), Manaus (69%) e Fortaleza (65%) lideram o ranking das capitais com maior número de pessoas fazendo trabalhos extras, enquanto Porto Alegre registrou o menor percentual, 47%. São Paulo apresentou 53%.

Renda estável ou com leve aumento

De acordo com a pesquisa, 40% das pessoas disseram que sua renda pessoal permaneceu estável nos últimos 12 meses, e 17% afirmaram que aumentou nesse período. Juntas, essas porcentagens totalizam 57% dos entrevistados, quase 6 em cada 10.

Por outro lado, 34% relataram que seus ganhos diminuíram.

Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis, comenta que o dado positivo é perceber que mais da metade das pessoas tiveram renda estável ou em crescimento, mostrando certa estabilidade econômica.

Porém, ele ressalta que o problema reside no fato de que muitos ainda não têm renda suficiente para viver com dignidade, o que ele associa à necessidade de fazer trabalhos extras.

A pesquisa também mostra que 41% dos participantes reduziram o consumo de carne no último ano, enquanto 29% passaram a comprar mais ovos.

No início de 2025, a alta nos preços dos alimentos pressionou o orçamento das famílias, influenciada por problemas climáticos e valorização do dólar, fato que também impactou a popularidade do presidente Lula na época.

No segundo semestre, o cenário melhorou com queda nos preços dos alimentos devido a uma boa safra e maior estabilidade cambial.

Percepção sobre fome e pobreza

A pesquisa ainda levantou a opinião dos entrevistados sobre a fome e a pobreza nas capitais. Dois terços deles (66%) acreditam que esses problemas aumentaram, seja muito (39%) ou um pouco (27%), nos últimos 12 meses.

Esse resultado contrasta com dados recentes da ONU, que indicam que o Brasil saiu do Mapa da Fome.

Abrahão pontua que, apesar de ser uma conquista, a pesquisa se concentra nas grandes cidades, onde a pobreza e a fome são mais visíveis e afetam a percepção das pessoas.

Ele destaca que o contato direto com moradores em situação de rua reforça essa sensação de que os problemas aumentaram, apesar da melhora no panorama nacional.

Foram ouvidas pessoas das capitais Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Mobilidade social

Outro tema abordado foi a mobilidade social, com dados coletados em dezembro de 2024.

Sete em cada dez entrevistados (72%) disseram ter mais escolaridade do que seus pais.

Quase metade (47%) afirmou ter uma moradia melhor do que a que seus pais tinham na mesma idade, e 45% informaram que sua renda atual é maior do que a dos pais quando tinham a mesma idade.

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