O número de adoções no Distrito Federal tem crescido nos últimos anos, conforme dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No ano de 2023, 53 crianças e adolescentes foram adotados na região. Em 2024, o total aumentou para 113 adoções, e até o momento deste ano já foram registradas 79. Segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), há atualmente 99 crianças e adolescentes disponíveis ou esperando por uma família no DF.
O processo de adoção começa na Vara de Infância e Juventude. Willian Hazor, analista de sistemas de 42 anos, compartilha sua experiência. Ele e a esposa, Franciele Silva, 40 anos, já tinham dois filhos biológicos, mas decidiram aumentar a família através da adoção. “Nossa primeira adoção foi há 8 anos. Desde o namoro, já queríamos adotar. Assim como Deus nos deu a bênção de termos filhos biológicos, sentimos o desejo de também vivenciar a paternidade e maternidade por meio da adoção, que é uma escolha consciente de amor”, conta Willian.
A espera pelo processo é um dos maiores desafios para as famílias adotantes. Por ser uma mudança significativa tanto para os pais quanto para a criança, algumas fases exigem avaliações detalhadas. O CNJ explica que os futuros pais devem ser avaliados por uma equipe técnica multidisciplinar, que verifica as motivações para a adoção, a situação familiar, e se o candidato pode assumir a criança como filho; além de orientar os interessados durante todo o processo.
Outro passo importante é a participação em um programa de preparação, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Esse programa ajuda os candidatos a compreenderem os aspectos jurídicos e sociais da adoção, tomar decisões seguras, superar dificuldades na convivência inicial, e incentiva a adoção de crianças de diferentes perfis, como aquelas com deficiências ou irmãos. Willian destaca como foi ansioso esperar até a chegada de Marcelo, seu primeiro filho adotivo: “Foram 5 anos desde a entrega dos documentos até a chegada dele.” Mesmo assim, o casal adotou novamente há 4 anos, dessa vez uma menina chamada Fernanda. Hoje, eles têm quatro filhos: dois biológicos, Carla Vitória e Maria Luiza, e dois adotivos, Marcelo e Fernanda, todos muito amados.
Perfil da criança influencia no tempo de espera
Conforme o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), o tempo para adoção varia conforme o perfil da criança escolhida no processo. Quem deseja adotar bebês ou crianças saudáveis até cinco anos, sem irmãos, pode enfrentar uma espera longa. Isso porque a maioria das famílias prefere esse perfil. Do total de 99 crianças disponíveis, apenas 6 têm até dois anos, enquanto 20 têm entre 12 e 14 anos. Desde 2019, 288 crianças até dois anos foram adotadas no DF, seguidas por 48 crianças na faixa de 4 a 6 anos.
O jornalista Marcelo Santos, 42 anos, adotou um adolescente. Segundo ele, o fato do filho ter um perfil menos buscado acelerou o processo. “Adotei um garoto de 11 anos que estava em situação de rua. A maioria busca crianças de até 2 anos, então esse perfil fora do comum facilitou o trâmite”, explica Marcelo.
Hoje com 21 anos, Fábio foi adotado por Marcelo após a mãe dele falecer e os avós não quererem cuidar. Marcelo conta que decidiu adotar sozinho e, com apoio do Conselho Tutelar e Defensoria Pública, fez o processo rapidamente. Apesar dos desafios da adaptação, o amor e a paciência fortaleceram o vínculo entre eles.