YURI EIRAS e LEONARDO VIECELI
Rio de Janeiro, RJ (Folhapress)
A parte mais pobre da população, cerca de 20%, representa 41% das crianças que estudam em pré-escolas públicas, mas apenas 12% dos estudantes nas universidades públicas em 2024, conforme dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (3).
Essa porcentagem caiu um pouco em relação a 2023, quando os mais pobres eram 12,3% nas universidades públicas. Em 2016, essa proporção era de apenas 8,1%.
Os dados provêm da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2025. A pré-escola inclui crianças de quatro e cinco anos.
Os estudantes mais pobres estão ainda menos presentes nas universidades privadas, onde representavam 6,8% em 2024.
Em contrapartida, a fatia mais rica, que corresponde a 20% da população, representa 3,6% dos alunos da pré-escola pública e 28% dos universitários em instituições públicas. No ano anterior, essa parcela era de 29,1% nas universidades públicas.
Nas instituições privadas, os estudantes mais ricos formavam 37,9% na pré-escola e 34% nas universidades em 2024.
O Brasil tinha 2,4 milhões de estudantes em universidades públicas e 6,9 milhões em privadas em 2024.
Entre os estudantes de universidades públicas, 51,7% se autodeclararam pretos ou pardos, e 47,2% brancos. As mulheres constituíam 51,3% dos estudantes, e os homens 48,7%.
A pesquisa do IBGE mostrou que o ensino básico ocorre majoritariamente em escolas públicas, enquanto a maioria dos estudantes do ensino superior frequenta instituições privadas.
Exceto pelo ensino superior, a maior parte das crianças e jovens nas creches, pré-escolas, ensino fundamental e médio está matriculada em rede pública.
A pesquisa também mostrou que as turmas da pré-escola pública têm, em média, cinco alunos a mais que as privadas.
A média nacional de alunos por turma nas pré-escolas públicas é de 18,7. O Rio Grande do Sul tem a menor média, com 15,6 alunos, e São Paulo a maior, com 21,5.
As turmas do ensino fundamental têm média de 22,3 alunos nas escolas públicas brasileiras, maior que a média dos países da OCDE, que é 20,8.
Comparando com outros países da OCDE, as turmas brasileiras têm menos alunos que Austrália, Japão, Reino Unido e Israel, mas mais que Espanha, Portugal e Estados Unidos.
Em 2024, 78,2% das crianças na educação infantil estavam em escolas públicas, e 21,8% em privadas.
Somando creches e pré-escolas, havia 8,1 milhões de crianças nas redes públicas infantis, contra 2,2 milhões nas privadas.
No ensino fundamental, 81,4% estudavam em escolas públicas e 18,6% em privadas. No ensino médio, essa proporção foi de 86,5% para escolas públicas e 13,5% privadas.
A situação se inverte no ensino superior, onde 74% dos estudantes frequentavam instituições privadas e 26% públicas.
A diferença é menor em estados do Nordeste, onde 63,5% estudam em universidades particulares e 36,5% em públicas.
Na Paraíba, 51,9% dos estudantes do ensino superior estavam em universidades privadas e 48,1% em públicas. No Rio Grande do Norte, 52,4% estudavam em particulares e 47,6% em públicas.
A maior diferença ocorre no Sudeste, com 78,6% dos estudantes em faculdades particulares e 21,4% em públicas. São Paulo lidera esse cenário, com 81,3% dos alunos no ensino superior em instituições privadas e apenas 18,7% em públicas.

