Três em cada quatro jovens que morreram por violência ou acidentes no Brasil em 2022 e 2023 eram negros, revela estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado em 25 de agosto.
Esse dado integra o 1º Informe Epidemiológico sobre a Situação da Saúde da Juventude Brasileira: Violências e Acidentes, elaborado pela Agenda Jovem Fiocruz e pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).
Na faixa etária de 15 a 19 anos, a disparidade é ainda mais clara: negros tiveram uma taxa de 161,8 mortes por causas externas a cada 100 mil habitantes, enquanto brancos registraram 78,3 e amarelos 80,8. Entre indígenas, a taxa foi de 160,7.
Principais dados
- 65% dos óbitos entre jovens de 15 a 29 anos ocorrem por violência ou acidentes.
- Para a população geral, esse índice é de apenas 10%.
- Homens jovens morrem em situações violentas oito vezes mais que mulheres.
- A faixa etária mais afetada é de 20 a 24 anos, com taxa de 390 mortes por 100 mil habitantes.
- O local mais comum de morte masculina é a rua (57,6%), enquanto para mulheres jovens é a residência (34,5%).
- Mortes por intervenção policial representam 3% entre jovens, contra 1% na população geral.
Desigualdade e políticas públicas
Para a pesquisadora Bianca Leandro, da EPSJV, esses números evidenciam a urgência de se considerar as desigualdades sociais. “A violência afeta de formas distintas conforme idade, gênero, raça e local de residência. Isso demonstra que as agressões estão ligadas diretamente às condições de vida e trabalho dos jovens no Brasil.”
André Sobrinho, coordenador da Agenda Jovem Fiocruz, destaca que a ausência de políticas públicas eficazes é um fator central nesse contexto: “Garantir o direito à vida é um lema dos movimentos juvenis, pois a violência letal atinge majoritariamente os jovens. Não basta apenas expor dados alarmantes, é essencial combater as raízes do problema: a percepção da sociedade sobre os jovens e a falta de políticas que os amparem.”