André Fleury Moraes
São Paulo, SP (Folhapress)
Lúcia Aparecida Souza da Silva, mãe de Tainara Souza Santos, 31 anos, que morreu nesta sexta-feira (26) depois de passar 25 dias no hospital, contou todos os dias para a filha como estava o caso do atropelamento.
“Ela ficava sempre falando no ouvido da Tainara sobre o que acontecia fora do hospital, sobre a manifestação e o que as mulheres estavam fazendo”, disse à Folha Sandra Aparecida Pereira, 58 anos.
Sandra conheceu a família da vítima depois do ocorrido. Ela é fundadora do grupo Mulheres da Várzea, que apoia a participação das mulheres no futebol amador — Tainara jogava no Apache F.C..
Os contatos entre Sandra e a família da Tainara era primeiro por telefone. O primeiro encontro foi nesta sexta, no velório, onde Sandra deu uma camisa do Mulheres da Várzea.
“Eu não tive Natal”, contou Sandra relembrando quando soube da morte da Tainara, que ficou em coma durante toda a internação.
“É uma tristeza enorme e a família está muito triste, agora quer justiça”, disse à Folha o advogado Fabio Costa, que cuida do caso da família da jovem.
Hoje, a defesa vai entregar a certidão de óbito no tribunal e pedir para que o crime seja atualizado para feminicídio duplamente qualificado contra Douglas Alves da Silva.
No depoimento, Douglas disse à polícia que não conhecia a Tainara e que tentou acabar uma briga entre ela e um homem que estava com ela. Também disse que não percebeu que tinha atropelado e arrastado a vítima no carro. Ele está preso em Guarulhos.
Mas a polícia acha que o atropelamento foi de propósito. O réu teria se envolvido numa confusão com o homem que acompanhava a Tainara, por ciúme. Depois disso, ele avançou de carro contra os dois.
Douglas responde por tentativa de feminicídio e também é acusado de tentar matar o homem que estava com a Tainara — este conseguiu escapar, mas se machucou.

