O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na última segunda-feira (27/10) a suspensão temporária dos acordos de cooperação na área energética com Trinidad e Tobago. A medida foi tomada como resposta a supostas ameaças militares atribuídas aos Estados Unidos e à participação do país caribenho em planos de agressão contra a Venezuela.
Durante o programa Con Maduro +, o presidente explicou que a decisão seguiu recomendações da diretoria da estatal PDVSA e do Ministério de Hidrocarbonetos.
“Recebi uma proposta para cancelar o acordo energético que firmamos com entusiasmo anos atrás para o desenvolvimento conjunto dos blocos de gás que a Venezuela compartilha”, afirmou Maduro.
Ele ressaltou que, enquanto Trinidad e Tobago enfrentava escassez de gás, a Venezuela manteve o fornecimento como demonstração de solidariedade bolivariana. Porém, diante da ameaça de que o país se torne uma base militar dos EUA contra a Venezuela e a América do Sul, decidiu pela suspensão do acordo.
A suspensão já está em vigor e Maduro informou que está consultando o Conselho de Estado, o Supremo Tribunal de Justiça e a Assembleia Nacional para avaliar outras medidas estruturais necessárias.
Além disso, o governo venezuelano declarou ter desarticulado um grupo de mercenários supostamente treinados pela CIA, que planejavam sabotagens contra navios militares venezuelanos na costa do país e em Trinidad e Tobago. Maduro enfatizou que três ataques terroristas foram impedidos e este último foi desmantelado.
O chanceler venezuelano, Yván Gil, explicou que o plano incluía um ataque ao contratorpedeiro USS Gravely, da Marinha dos EUA, atracado em portos trinitários, com a intenção de culpar Caracas e justificar uma intervenção militar. Gil acrescentou que Trinidad e Tobago foi alertada sobre essa operação.
Por sua vez, o governo de Trinidad e Tobago negou as acusações, afirmando que o navio norte-americano está no país para cooperar em segurança marítima e combater crimes transnacionais. Destacou ainda o valor da relação histórica com o povo venezuelano.
Essas tensões ocorrem em um momento de aumento de conflitos entre Caracas e Washington. Recentemente, o presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou a autorização para operações secretas da CIA na Venezuela, enquanto o governo venezuelano denuncia um plano estadunidense para uma invasão disfarçada.
O governo da Venezuela classificou a presença militar dos EUA na região do Caribe como uma provocação hostil e reafirmou seu compromisso de defender a soberania nacional.
Maduro reiterou que seu país deseja paz e liberdade diante das ameaças imperialistas e conta com o apoio da opinião pública internacional. “Estão buscando uma mudança de governo para roubar nosso petróleo, gás, ouro e água. Temos reservas significativas de água em todo o território”, declarou.
