O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou que enviou uma carta ao papa Leão XIV solicitando seu auxílio para estabelecer a paz no país. O anúncio foi feito na segunda-feira (6/10), durante seu programa na TV estatal, em meio ao aumento das tensões com os Estados Unidos.
“Já pedi ajuda ao papa, ao nosso senhor Jesus Cristo. Eu tenho uma grande fé que o papa Leão, como está escrito na carta que eu o mandei, ajude a Venezuela a preservar e alcançar a paz, a estabilidade. Que o papa Leão 14 abrace a Venezuela com sua palavra, com suas bênçãos, e abrace múltiplas vezes também com a diplomacia do Vaticano para que a Venezuela consiga uma grande vitória da paz”, afirmou.
Maduro recorre ao papa num momento em que navios de guerra dos Estados Unidos estão posicionados nas águas internacionais do Caribe, próximas à costa venezuelana. O governo norte-americano justifica que as operações das Forças Armadas visam combater o tráfico de drogas na região, destacando que a mobilização naval foi ordenada após Maduro ser acusado pelos EUA de chefiar o cartel venezuelano Los Soles.
Até agora, pelo menos quatro ataques de navios de guerra foram registrados no Caribe contra embarcações suspeitas de transportar drogas. Em outras ações semelhantes, o então presidente Trump afirmou que cerca de 14 pessoas morreram, embora ainda não tenha apresentado evidências claras da ligação da Venezuela com o narcotráfico.
Maduro classifica as operações dos EUA como uma “agressão armada” e nega qualquer envolvimento com o tráfico de entorpecentes. Questionado sobre a expectativa de uma intervenção do papa para promover a paz, o líder venezuelano respondeu: “Sim, bem, ele [papa] buscará os caminhos e esperamos que, então, a iniciativa possa ser tomada.”
Cerco norte-americano no Caribe
Na sexta-feira anterior (3/10), um novo ataque foi anunciado por Trump contra uma embarcação na costa venezuelana. Segundo o líder norte-americano, a embarcação transportava uma quantidade de drogas suficiente para causar inúmeras mortes.
Em um comunicado publicado na plataforma social X, o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, afirmou que o barco estava associado a grupos considerados terroristas pelas autoridades dos Estados Unidos.
Essas operações ocorreram após uma mudança na política dos EUA, em que organizações ligadas ao tráfico mundial de entorpecentes passaram a ser classificadas como organizações terroristas.