O governo da Venezuela enviou uma carta para os 194 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), chamando atenção para o aumento das operações militares dos Estados Unidos na região. O documento, enviado na segunda-feira (22/12), alerta que a falta de reação dos líderes mundiais diante das agressões norte-americanas pode levar a um conflito global.
“Na década de 1930, a falta de resposta ao avanço do nazismo resultou no Holocausto e em uma guerra mundial. Hoje, apesar das diferenças históricas, o cenário é similar: permitir o uso unilateral da força e a exploração dos recursos de países soberanos coloca o mundo em um caminho de conflito global imprevisível. A Venezuela reafirma seu compromisso com a paz, mas declara que está pronta para defender sua soberania, integridade territorial e recursos”, afirmou o presidente Nicolás Maduro.
Na carta, Maduro declara não ter cometido ações que justifiquem uma intervenção militar e afirma que, desde a movimentação militar na área, os EUA realizaram 28 ataques a embarcações no Caribe e no Pacífico, resultando em 104 mortes. O governo americano justifica suas ações dizendo que combate “narcoterroristas”.
Maduro também mencionou leis para argumentar contra as violações internacionais cometidas pelos EUA ao mover embarcações e aeronaves próximas à Venezuela. Ele destacou que além de ameaçar vidas, os EUA infringem as Convenções de Genebra de 1949, que protegem civis e náufragos, e o Protocolo Adicional I de 1997.
O presidente venezuelano ressaltou ainda que a ofensiva dos EUA não prejudica apenas a Venezuela, mas também gera instabilidade econômica e regional em outros países da América Latina.
“Alertamos que essas ações não afetarão apenas a Venezuela. O bloqueio ao comércio de energia venezuelano afetará o fornecimento de petróleo e eletricidade, aumentará a instabilidade nos mercados globais e impactará as economias da América Latina e do Caribe. Por isso, faço um apelo para que juntos condenemos essas agressões e execuções extrajudiciais, e exijamos o fim imediato do avanço militar e do bloqueio”, escreveu na carta.
Em 14 de agosto deste ano, os EUA intensificaram sua presença militar na América Latina e no Caribe, mobilizando navios de guerra, fuzileiros navais, um submarino nuclear, caças F-35 e o porta-aviões USS Gerald R. Ford para a região. A administração Trump justificou essa ação como parte do combate ao narcotráfico, acusando Maduro de liderar o Cartel de Los Soles.

