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domingo, 12/10/2025

Maduro ordena novos exercícios militares após prêmio Nobel da Paz para opositora

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou neste sábado (11/11) o início de novos exercícios militares em resposta à movimentação de forças navais dos Estados Unidos na região sul do Caribe, próximo às águas venezuelanas. A decisão aconteceu um dia depois de a líder oposicionista María Corina Machado receber o Prêmio Nobel da Paz, reconhecendo sua atuação política em meio à repressão e crise institucional no país.

Os exercícios, denominados “Independência 200”, envolvem tropas regulares, milícias e equipamentos estratégicos em áreas como La Guaira e Carabobo. O governo busca proteger o território nacional diante do que classifica como uma escalada militar por parte dos EUA, que desde agosto mantém uma frota com oito navios de guerra e um submarino nuclear na região, oficialmente para operações antidrogas.

Embora os EUA afirmem que sua presença militar tem objetivos de segurança regional, o governo venezuelano considera a posição uma ameaça direta à sua soberania. Em reunião emergencial no Conselho de Segurança da ONU, representantes de Caracas afirmaram que os Estados Unidos podem estar planejando ações ofensivas para o curto prazo.

A concessão do Nobel da Paz à María Corina Machado, líder do partido Vente Venezuela que vive na clandestinidade, acrescentou mais tensão à crise. O prêmio reconheceu sua coragem cívica diante da repressão, mas sua proximidade com o ex-presidente Donald Trump, a quem dedicou o título, provocou reações divididas tanto dentro quanto fora da Venezuela.

Donald Trump, que retornou à presidência em janeiro, comentou ter conversado com Machado após a premiação e relatou que ela aceitou o Nobel em sua homenagem. O ex-presidente, conhecido por reivindicar para si o mérito em iniciativas de paz internacionais, criticou o Comitê Nobel, acusando-o de decisões motivadas politicamente por não ter recebido o prêmio.

Essa aliança entre a oposição venezuelana e Trump é vista por alguns como uma estratégia, mas também levanta dúvidas sobre a autonomia dos opositores e os riscos da dependência excessiva de atores externos. Especialistas afirmam que a politização do prêmio pode comprometer sua legitimidade como um símbolo de paz, principalmente num contexto cada vez mais polarizado e militarizado.

O governo de Maduro mantém uma postura de resistência, denunciando ingerência estrangeira. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, declarou que o país está preparado para defender sua soberania em qualquer situação.

Enquanto isso, a população enfrenta uma longa crise humanitária, com inflação alta, falta de alimentos e serviços públicos insuficientes. A disputa entre governo e oposição, agora influenciada por fatores internacionais, não apresenta soluções claras.

Contexto Geopolítico

A crise na Venezuela, embora enraizada em problemas internos como crise econômica e repressão política, também insere-se em um cenário geopolítico maior, onde os Estados Unidos têm papel central. A presença militar americana na região não visa apenas questões humanitárias ou o combate ao narcotráfico, mas também contém a influência crescente da China e da Rússia na América Latina.

A América Latina é historicamente considerada zona de influência prioritária pelos EUA, conforme a Doutrina Monroe (1823) e o Corolário Roosevelt (1904), que ainda influenciam a política externa americana, especialmente em momentos de tensão internacional.

Com a ascensão de Donald Trump, a política externa dos EUA tornou-se mais assertiva e nacionalista, seguindo uma linha que prioriza interesses domésticos e vê o cenário internacional como ameaça à soberania. Isso se traduziu em ações diretas, como o envio de forças militares ao Caribe e apoio explícito a líderes oposicionistas como María Corina Machado.

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